Noreci mandou matar pescadores que invadiram a Fazenda São João, do "Comendador"
Pistoleiro de Arcanjo é condenado por comandar chacina

O ex-segurança do Comendador João Arcanjo Ribeiro, Noreci Ferreira Gomes, 52, foi condenado na quarta-feira (17), após dez horas de julgamento, pela juíza Maria Erotides Kneip Baranjak, a 27 anos e seis meses de prisão por envolvimento em uma chacina, ocorrida em 2004, na Fazenda São João.

Conhecido como "Capitão do Mato", Noreci participou de quatro mortes na propriedade do bicheiro, localizada na BR-163, na saída de Várzea Grande para o Nortão de Mato Grosso. De acordo com a viúva de uma das vítimas, em declarações à TV Centro América (Globo/4), Luciane Miranda, o marido teria ido pescar a convite de amigos, que disseram que o local estava desativado.

Na época, denúncias apontaram que um dos rapazes foi morto a tiros e os outros três foram torturados e afogados por seguranças. Segundo Claudinei Silva, um dos suspeitos ouvidos no julgamento, Noreci teria chegado à fazenda depois do primeiro assassinato e mandado que os outros capangas terminassem o "serviço" (execução).

Em seu testemunho, o Capitão do Mato negou todas as acusações, dizendo que foi chamado pelo gerente da fazenda para presenciar as mortes. A versão foi reforçada pela defesa, que afirmou que Noreci era "apenas" um empregado e o gerente era genro de Arcanjo.

Por sua vez, a promotoria observou que o acusado tinha poder de decisão, já que era segurança pessoal do bicheiro. O promotor afirmou ainda que os diálogos mostraram que os acusados compararam as vítimas à capivaras (animal da fauna pantaneira).

Noreci, que foi policial civil entre 1980 e 1983, vai cumprir pena no Presídio Militar de Santo Antônio de Leverger. A acusação não informou se irá recorrer da condenação.

"Paraíba"

A condenação do Capitão do Mato não é a primeira deste caso. Em 2005, Aderval José dos Santos, o "Paraíba", foi condenado a 21 anos de prisão. No mesmo ano, Carlos Sérgio André foi absolvido. Outros cinco acusados devem ser julgados, mas quatro estão foragidos.

Além desta condenação pela chacina, Noreci foi condenado, em setembro deste ano, a 14 anos e dois meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver do vaqueiro Renato Batisto Cury, 21.

O crime aconteceu dentro da Fazenda São João, de propriedade do "Comendador", em novembro de 2003. A vítima teria discutido com um funcionário e acabou sendo executada a tiros.