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Internacional
Sexta - 19 de Novembro de 2010 às 14:30

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A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou nesta sexta-feira para a "lenta chegada da ajuda" ao Haiti, que enfrenta uma epidemia de cólera que se alastra rapidamente, e fez um apelo a todos os envolvidos "para que reforcem sua ação".

"Enquanto a epidemia ganha importância, a lenta chegada da ajuda é agora preocupante", destacou a ONG em um comunicado. "As carências graves no deslocamento da ajuda, o que atrapalha os esforços para limitar a epidemia", que já causou 1.110 mortes e afetou 18 mil pessoas.

"Não é hora de se reunir nem de falar, e sim de agir", declarou Stefano Zannini, chefe da missão no Haiti, citado no comunicado.

O MSF pede a "todos os grupos e organismos de ajuda" presentes na zona que "reforcem a importância e a rapidez de seus esforços".

Para Zannini, "é preciso um número maior de atores para tratar as doenças e aplicar as medidas de prevenção necessárias", como a distribuição de água potável e clorada e sabão, a instalação de latrinas, a gestão e supressão dos dejetos nos centros médicos, a criação de "pontos de eliminação de resíduos perto das zonas urbanas" e mesmo "a cremação dos corpos das pessoas que morreram".

VIOLÊNCIA

Os haitianos acusam membros da ONU vindos do Nepal de terem trazido o vibrião do cólera ao país. Há um onda de manifestações devido ao descontentamento com a epidemia que começou ao norte do país, na cidade de Cap-Haitien. Os enfrentamentos já deixaram ao menos três mortos esta semana.

O rumor de que os soldados tenham trazido a doença causou violentos confrontos que ainda tomam as ruas do norte do país, e levou o presidente René Preval a pedir calma à população.

"Propiciar a desordem e a instabilidade jamais foi a solução para um país que vive momentos difíceis", declarou o presidente em uma mensagem à nação ainda na noite de terça-feira (16).

  Ramon Espinosa/AP  
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe

A epidemia já matou 1.110 pessoas e hospitalizou 18.382 desde o começo da epidemia, em meados de outubro.

Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.

  Ramon Espinosa)/AP  
Mulher com sintomas de cólera é levada em carriola até o hospital St. Catherine, em Porto Príncipe
Mulher com sintomas de cólera é levada em carriola até o hospital St. Catherine, em Porto Príncipe

O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.

A situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.

PROTESTOS

Os protestos de haitianos chegaram até a capital, Porto Príncipe, nesta quinta-feira (18), com manifestantes fechando ruas com barricadas e atacando com pedras veículos levando brasileiros membros da força de paz da ONU no Haiti

Manifestantes se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio presidencial, e gritavam slogans em creole, tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".

"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.

  Ramon Espinosa/AP  
Manifestantes tentam desviar de bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia e soldados da ONU
Manifestantes tentam desviar de bomba de gás lacrimogêneo lançada pela polícia e soldados da ONU

Centenas de pessoas se reuniram na frente do Ministério de Saúde Pública para exigir a saída da Minustah

Após serem dispersados, os manifestantes se concentraram em diferentes pontos, como a faculdade de Etnologia, onde começaram a circular por grupos e a divulgar o protesto.

Segundo o porta-voz da Minustah, Vincenzo Pugliese, o temor da população de sair às ruas após os incidentes dificultam a assistência aos afetados pelo cólera.

"Um paciente com cólera precisa receber assistência em três horas para sarar", mas na atual situação, "o paciente que está em sua casa e não pode sair por causa das barricadas acaba morrendo", enfatizou.

A porta-voz da ONU em Genebra, Corinne Momal-Vanian, disse que os protestos desta segunda-feira contra a presença da Minustah no Haiti foram "politicamente motivados" pelo período pré-eleitoral.

Além disso, referiu-se a um comunicado emitido pela ONU em Porto Príncipe, que destaca que "foram feitos vários experimentos" para verificar a responsabilidade dos agentes da Minustah e todos deram negativo. 






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