Otan aprova sistema antimísseis na Europa, diz Obama
"Fico feliz em anunciar que, pela primeira vez, acordamos em desenvolver um sistema de defesa antimísseis que estará suficientemente capacitado para cobrir todo o território e a população dos países europeus membros da Otan e dos EUA", disse Obama, acrescentando que o primeiro dia da cúpula da aliança, em Lisboa (Portugal), teve "progressos substanciais".
O sistema faz parte do novo conceito estratégico da Otan, que inclui atuar em qualquer lugar do mundo onde considere que sua segurança possa estar ameaçada, além dos limites geográficos de seus países-membros, tal como anunciado pelo secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen.
"Ele oferece um papel para todos os nossos aliados. Ele responde às ameaças de nossos tempos", disse Obama a repórteres.
Os líderes dos países da Otan convidarão a Rússia a se juntar ao sistema na reunião com o presidente russo, Dmitri Medvedev, neste sábado.
"Amanhã, esperamos ansiosamente trabalhar com a Rússia para construir nossa cooperação com eles nesta área também, reconhecendo que dividimos as mesmas ameaças", disse Obama.
O projeto que a Otan prepara prevê expandir o sistema no qual já vem trabalhando para defender suas tropas de mísseis, em parceria com o modelo desenvolvido pelos Estados Unidos em países do leste europeu.
Obama revisou em setembro de 2009 o plano de seu antecessor, o republicano George W. Bush, que previa a instalação de dez interceptores de mísseis balísticos de longo alcance até 2013 na Polônia e um potente radar na República Tcheca.
O escudo antimísseis de Bush causou indignação na Rússia, que durante a Guerra Fria exercia a hegemonia sobre a Europa oriental e via o escudo como ameaça a seu próprio arsenal nuclear, tendo reagido mal ao que alega ser interferência de Washington em sua esfera de influência.
A ideia da administração Obama é investir em tecnologia mais moderna, bases marítimas em vez de apenas terrestres e interceptores móveis --capazes de se adaptar às ameaças quando e onde estiverem.
Desta vez, Obama e a Otan devem conseguir o apoio da Rússia ao projeto --em troca de garantias de que o sistema está dirigido contra os mísseis de curto e médio alcance de países como o Irã, e que não está capacitado para atingir seu território.
O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, já indicara apoio, mas ressaltou que a ideia é um sistema cooperativo e não conjunto. Segundo ele, o ideal seria a criação de um fundo comum antimísseis com a participação de Rússia, EUA e os países europeus, ou seja, que incluiria também o novo escudo americano e seus radares e mísseis em Romênia e Bulgária.
"Esse escudo não estaria dirigido contra nenhum terceiro país. Rússia e a Otan compartilham riscos", acrescentou Lavrov, que insistiu no conceito de "segurança indivisível" para a Rússia e o Ocidente.
A organização afirma que os 28 países-membros investirão menos de 200 milhões de euros (R$ 466 milhões), escalonados em dez anos, na interconexão desses sistemas, mas funcionários da Otan e diplomatas ressaltam que esse número não inclui o custo de novos equipamentos militares (radares, mísseis) para estender a proteção a toda Europa.
Com agências de notícias
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