Papa Bento 16 considera errado dizer que o papa é infalível
Ambas as declarações foram expressas no livro-entrevista do escritor Peter Seewald -- baseado em entrevistas com Bento 16 -- que será lançado na próxima terça-feira (23), mas que teve algumas páginas divulgadas neste domingo pela imprensa italiana e alguns trechos publicados um dia antes pelo jornal vaticano "LOsservatore Romano".
Bento 16 também disse que nunca pensou que seria eleito papa e que, embora Deus lhe dê forças para seguir adiante, ele nota que, aos seus 83 anos, "as forças vão diminuindo".
Além de justificar o uso do preservativo "em alguns casos", a primeira vez que um papa o faz, Bento 16 enfrenta no livro outros aspectos do Pontificado, da Igreja, de sua vida e do momento de sua eleição.
Perguntado se "o papa é verdadeiramente infalível, um soberano absoluto, cujo pensamento e vontade são lei", Bento 16 responde, de maneira categórica: "isso é um equívoco".
Segundo Bento 16, o papa se comporta "como qualquer outro bispo", salvo em determinadas condições, "quando a tradição é clara e se sabe que não se atua arbitrariamente".
"Obviamente, o papa pode se equivocar. Ser papa não significa se considerar um soberano cúmulo de glória, mas alguém que dá testemunho de Cristo crucificado".
A infalibilidade do papa, aprovada pelo Concílio Vaticano I, é um dos pontos que separam as Igrejas Católica e Ortodoxa.
CONTROVERSO
Com a divulgação da entrevista para o escritor alemão a chegar nas livrarias nos próximos dias, o papa chamou atenção por declarações que parecem destoar da moral cristã.
Bento 16 afirmou que o uso de preservativos por prostitutas pode ser aceito para evitar a disseminação do vírus da Aids, marcando assim o primeiro sinal de abertura ao tema na história do Vaticano.
O diretor do programa Unaids, criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para combater a propagação do vírus da Aids, chamou de "passo adiante significativo e positivo" o fato do papa Bento 16 ter admitido o uso da camisinha em certos casos.
O pontífice também também disse ser contra a proibição ao uso de véu islâmico e que o polêmico papa Pio "salvou mais judeus do que ninguém".
Vários líderes de comunidades judaicas acusam Pio 12 de manter silêncio quando mais de mil judeus romanos foram deportados, em 16 de outubro de 1943, do gueto situado a poucos metros do Vaticano, do outro lado do rio Tibre.
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