Prefeito avalia criar Companhia de Esgoto e fazer a concessão da água
O prefeito da Capital Chico Galindo (PTB) não admite publicamente, mas, nos bastidores, estuda a possibilidade de separar a estrutura da área de saneamento, com a manutenção da Sanecap especialmente para cuidar da água e, depois, abrí-la para concessão. Por outro lado, criaria a Companhia de Esgoto de Cuiabá, que nasceria completamente enxuta. Bastaria ter uma equipe com até 10 funcionários e um caminhão para o trabalho de manutenção da rede de esgoto, já que hoje cobre apenas 26% das residências.
Todos os mais de R$ 200 milhões de recursos do PAC ficariam com essa nova empresa, altamente lucrativa. Receberia investimentos a fundo perdido e mais verbas do PAC II. Projeta-se, inclusive, ampliar para até 90% o atendimento às residências com rede de esgoto.
Galindo lançou inicialmente duas estratégias para preparar terreno com vistas às mudanças. Primeiro, trocou toda a diretoria da Sanecap, com exceção do ex-governador Frederico Campos, que cuida do financeiro. Ele nomeou como presidente Antonio Carlos Ventura Ribeiro e, na diretoria Comercial, Everton Serra. São pessoas de extrema confiança de Galindo, inclusive da época em que este morava em Presidente Prudente (SP), onde foi candidato a prefeito e chegou a presidir a Prudenco, companhia que cuida da área de saneamento daquele município. Segundo, começou a dialogar sobre o assunto com alguns vereadores da base.
O prefeito tem comentado que deve encontrar respaldo popular para promover "revolução" no saneamento, considerando a incapacidade técnica e estrutural da Sanecap de atender a crescente demanda, do clima que se criou com a atuação clandestina da "máfia da seca", esquema de venda de água envolvendo funcionários da Sanecap, pessoas responsáveis pelo controle da vazão nos bairros e regiões e que fazem boicote para o líquido não chegar às torneiras e donos de caminhão-pipa. Pontua ainda sobre a falta de recursos para investimentos e para solidificar a empresa.
Concessão
No caso da Sanecap, que possui um espólio podre desde sua remunicipalização, com dívidas trabalhistas e acúmulo de impostos e taxas, principalmente com ICMS sobre energia, embora fature alto com cobrança por consumo de 142 mil ligações de água de usuários e mais 188 mil economias (de edifícios e kitnet, por exemplo), o Palácio Alencastro calcula que poderia negociar a concessão por até 30 anos. Um contrato desse renderia aos cofres do Município cerca de R$ 500 milhões. Deve usar o argumento de que, com esses recursos não só equacionaria as dívidas da Capital como seriam suficientes para, por exemplo, trocar os mais de 200 km de rede de água da região central que já foi instalada há mais de 40 anos, inclusive com amianto, hoje proibido por lei.
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