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Ciência
Quarta - 25 de Setembro de 2013 às 22:48

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A imagem da esquerda mostra a cartilagem já integrada sob a pele do antebraço do paciente, dois meses após a colocação; a imagem da direita mostra o resultado final da reconstrução da orelha, dois meses após o transplante microcirúrgico da pele do braço para a face. (Foto: Julio Morais/Divulgação)

A imagem da esquerda mostra a cartilagem já integrada sob a pele do antebraço do paciente, dois meses após a colocação; a imagem da direita mostra o resultado final da reconstrução da orelha, dois meses após o transplante microcirúrgico da pele do braço para a face. O paciente havia perdido a orelha devido a um acidente automobiístico. (Foto: Julio Morais/Divulgação)

Pacientes que passam por acidentes ou doenças que danificam órgãos como o nariz ou a orelha, têm como alternativa de reparação a técnica de "retalho pré-fabricado" ou "retalho pré-moldado". É o caso do paciente chinês, divulgado nesta quarta-feira (25), cujos médicos criaram um nariz artificial na sua testa, para posterior substituição do nariz original.

Na estratégia do "retalho pré-fabricado", o órgão é moldado a partir da cartilagem do próprio paciente e implantado em uma outra parte do corpo como o antebraço, por exemplo.

Quando ocorre a aderência da cartilagem à pele dessa região, o órgão artificial é transplantado para substituir o órgão original, danificado. Com essa técnica, o paciente fica durante um período que vai de algumas semanas até alguns meses com o órgão artificial em uma parte diferente do corpo.

De acordo com o médico Julio Morais, professor assistente da disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), essa técnica é indicada em situações de exceção: quando, por exemplo, a área onde o novo órgão deve ser implantado está traumatizada, com feridas abertas ou danificada por radioterapia.

Nesse caso, prepara-se a estrutura a ser implantada em outra região, mais sadia, e quando a cartilagem está aderida à pele, a estrutura toda é transplantada para o lugar definitivo. Morais conta que os primeiros estudos descrevendo esse método foram publicados na década de 1970 e que ele fez a primeira cirurgia do tipo no Brasil em 1980. Desde então, já realizou de 10 a 15 intervenções similares no Hospital das Clínicas, em São Paulo. As imagens acima mostram um dos casos que já atendeu.

Situação rara
“São situações relativamente raras. É difícil encontrar o doente ideal em que a técnica funcione”, diz Morais. Segundo o cirurgião, a cartilagem que serve de matéria prima para a construção do órgão artificial geralmente é retirada nas costelas, mas também pode ser retirada da própria orelha ou do septo nasal.

Depois de extrair uma porção de cartilagem de um desses locais, a equipe médica faz uma escultura a partir desse material, que reproduza o órgão a ser substituído. “No caso particular da orelha, a escultura é bem delicada e é preciso ter inclusive uma noção de arte. É uma estrutura muito mais trabalhada do que o nariz, cheia de nuances e de voltas”, diz Morais.

Paciente identificado com Xiaolian, 22 anos, é visto com

Paciente chinês é visto com "nariz" moldado com
tecido implantado na testa. (Foto: Reuters/Stringer)

Ele explica que a região onde o órgão vai ser implantado provisoriamente tem de ter uma pele semelhante à região final do implante. Para o nariz, a área preferencial é a testa ou o antebraço. Para a orelha, a área preferencial é o antebraço ou a fáscia temporal, região lateral do crânio.

Morais conta que em um procedimento como o do paciente chinês, que teve o nariz construído na testa, o órgão não é completamente retirado para ser reimplantado: é apenas “rodado” até chegar ao lugar certo. Já quando o implante ocorre no antebraço, a cirurgia é mais delicada, pois o novo órgão é completamente removido e o procedimento tem que levar junto uma artéria ou veia que vai servir para nutrir o tecido.

De acordo com o cirurgião Carlos Alberto Komatsu, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), “a vantagem do retalho pré-moldado é que primeiro se faz o enxerto pegar bem, até que tenha uma boa circulação no tecido, para depois fazer a transferência.”

Segundo o cirurgião plástico Cesar Augusto Adami Raposo do Amaral, do Hospital Sobrapar, especializado em cirurgias de reconstrução de crânio e face, há inclusive a possibilidade de o órgão artificial ser feito de aloplástico, material inerte ao corpo humano.

Ele conta que a instituição já realizou cirurgias de reconstrução em pacientes com deformidades congênitas – quando a pessoa nasce sem orelha ou sem nariz, por exemplo – ou deformidades adquiridas – por traumas ou tumores.





Fonte: Do G1

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