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Polícia
Sábado - 27 de Novembro de 2010 às 03:22

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O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 1ªVara Criminal de Bangu, decretou nesta sexta-feira a prisão preventiva de Flávia Pinheiro Fróes e de Luiz Fernando Costa, advogados do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, e de Beatriz da Silva Costa, também advogada e apontada por denúncia do Ministério Público como amante do criminoso. Os três são suspeitos de transmitir ordens de VP e de seu comparsa Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, para os crimes que ocorrem no Rio desde domingo (21).

O magistrado baseou sua decisão no fato de que Beatriz --também apontada como amante de Marcinho VP segundo denúncia do Ministério Público--, Flávia e Luiz Fernando eram as pessoas que, por lei, tinham direito a conversas reservadas com o traficante, que chefiava o CV (Comando Vermelho) no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro.

Após Marcinho VP ser preso, em 1996, foi sucedido por Elias Maluco, também capturado em 2002, após matar o jornalista Tim Lopes.

De acordo com a decisão de Alexandre Abrahão Dias Teixeira, os advogados "periodicamente se uniram a eles na penitenciária e, através das entrevistas sigilosas, por força de suas profissões, receberam ordens transmitidas por bilhetes e outros escritos, como também no decorrer de suas entrevistas, verbalmente".

Na quinta-feira (25), Marcinho VP e Elias Maluco foram transferidos, por ordem judicial, da penitenciária federal de Catanduvas (PR) --de onde teriam dado as ordens para os ataques, segundo as investigações da polícia-- para outro presídio federal, em Porto Velho (RO).

Também foram levados para Porto Velho Cláudio José de Souza Fontarigo, Isaias Costa Rodrigues (Isaias da Borel), Leonardo Marques da Silva. Marcio Candido da Silva, Marcio José Guimarães, Marco Antonio Pereira Fermino Silva (My Thor), Ricardo Chavez de Castro Lima, Cleber Nunes de Azevedo, Fernandes de Oliveira Reis, Gilmar Luiz Binda e José Antônio Marin.

O juiz da 1ªVara Criminal de Bangu também determinou o fim das visitas íntimas dos dois traficantes. Tanto eles quanto os advogados responderão por associação para o tráfico e por envolvimento direto na série de crimes comentidos nesta semana.

O presidente estadual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou que deve abrir um processo a partir de segunda-feira contra os três no Conselho de Ética e Disciplina, podendo suspender temporariamente seus registros profissionais.

ATAQUES

Desde o dia 21 de novembro, ataques e incêndios em veículos assustam motoristas e moradores do Rio. Para as autoridades de segurança, as ações são uma retaliação dos traficantes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros e favelas.

Até as 21h desta sexta-feira, 45 pessoas tinham morrido durante conflito entre policiais e criminosos e cerca de 100 veículos foram incendiados em diferentes pontos do Estado, desde domingo (21).

Do total de mortos, 34 são suspeitos registrados pela PM, 7 são suspeitos registrados pela Polícia Civil e quatro são moradores, conforme hospitais públicos.

Entre os feridos, está uma menina dois anos que levou um tiro de raspão no braço em casa, na favela Nova Brasília, no complexo do Alemão. A menina deixou o hospital às 19h30 com a avó.

Uma aposentada de 62 anos também foi baleada na panturrilha na favela Vila Cruzeiro. Na rua Paranhos, uma das ruas de acesso ao complexo do Alemão, um vigilante também ficou gravemente ferido. O fotógrafo Paulo Whitaker, 50, da agência de notícias Reuters, também foi baleado hoje durante a cobertura da operação no Complexo do Alemão, na Penha, zona norte do Rio.

Somente nesta sexta foram registrados, até as 17h, nove veículos queimados --sendo três ônibus, um caminhão e cinco carros-- em diferentes regiões.

Conforme o balanço, no total, 192 pessoas foram presas pela PM no Estado durante as operações desta semana.

APREENSÕES

As ações nos morros e favelas resultaram na apreensão de cerca de 2 toneladas de drogas na favela da Vila Cruzeiro, pela Polícia Militar, mais 800 kg de maconha e drogas de uma destilaria de cocaína, pela Polícia Civil.

Foram apreendidas 44 armas --incluindo 8 granadas e grande quantidade de produtos inflamáveis. Durante os trabalhos, também foram apreendidos medicamentos de uma enfermaria improvisada do tráfico, cerca de 200 motos roubadas e munição.






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