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Cidades
Sábado - 27 de Novembro de 2010 às 06:46
Por: Renê Dióz

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Adia Borges/DC
No Doutor Fábio, estudante conta, acanhada, dificuldade alimentar em casa sustentada por cerca de R$ 510
No Doutor Fábio, estudante conta, acanhada, dificuldade alimentar em casa sustentada por cerca de R$ 510

Cerca de 214,5 mil pessoas em Mato Grosso vivem em situação de insegurança alimentar. O dado é uma estimativa calculada com base no levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que se utilizou dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A situação de insegurança alimentar atinge 7,4% dos domicílios mato-grossenses (cerca de 65 mil), o sexto menor percentual do Brasil.

No país, de 2004 para 2009, a média de domicílios nesta situação caiu de 34,9% para 30,2% (17,7 milhões de domicílios; 65,6 milhões de pessoas). A pior situação é do estado do Maranhão, com 31,2% das casas em dificuldade de acesso à comida. Na outra extremidade, está o estado de Santa Catarina, cujo índice é de apenas 4,3%.

O Nordeste mantém seu cenário histórico de região onde o acesso à alimentação é mais difícil no país. Já no Centro-Oeste, região com menor índice de insegurança alimentar do país, apenas o Distrito Federal apresenta indicador menor que o de Mato Grosso – no caso, 6,2%, igual ao de São Paulo. Mato Grosso do Sul conta 10,6% de suas residências com alguma insegurança, enquanto Goiás conta com 12,2%.

De acordo com a metodologia do IBGE, há três níveis de insegurança alimentar numa família ou num domicílio: leve (incerteza sobre a disponibilidade de alimentos no futuro ou quando a qualidade é inadequada), moderada (redução da quantidade de suprimentos entre adultos ou ruptura nos hábitos alimentares) e grave (redução dos suprimentos entre crianças e fome).

O IBGE constatou que a maioria dos domicílios em situação de insegurança alimentar é de famílias com renda de até meio salário mínimo, onde vivem pessoas menores de 18 anos, com predominância de pele preta ou parda e com menos de um ano de estudo.

Em Cuiabá, perfis iguais ou aproximados podem ser encontrados na periferia. É o caso da estudante Elba dos Santos Rosa, 16 anos, negra, estudante da quinta série, que há seis meses mora numa casa de madeira no Doutor Fábio. No entorno da casa de uma peça só, há esgoto a céu aberto e um cano fica vertendo água limpa a esmo.

Dentro, há televisão, cama de casal, geladeira e fogão. Quase recusando-se a falar, Elba relata que a mãe, diarista, às vezes consegue ganhar o equivalente a um salário mínimo no fim do mês, mas nem sempre isso basta para deixar de faltar algum suprimento em casa. Entretanto, acanhada, ela não diz exatamente o que costuma faltar, com que frequência isso ocorre e chega a entrar em contradição, dizendo, sem muita convicção, que nas refeições de casa sempre há arroz, feijão e “alguma carne”.






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