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Polícia
Domingo - 28 de Novembro de 2010 às 07:49

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O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a gravações telefônicas que levaram a Justiça a decretar a prisão de três advogados de dois traficantes do Rio. O juiz considerou que os bandidos presos estavam usando esses advogados para passar recados para a quadrilha.

Os policiais civis passaram o dia à procura dos três advogados, que são considerados foragidos. Eles defendem Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco.

Os dois estavam no presídio federal de segurança máxima, em Catanduvas, no Paraná, e foram levados para outra penitenciária federal, em Rondônia. A justiça autorizou a transferência porque considerou que os dois estavam ordenando os ataques no Rio.

Na última sexta, o juiz Alexandre Abraão decretou a prisão dos três advogados dos traficantes: Beatriz Costa de Souza, Flávia Pinheiro Fróes e Luis Fernando Costa.

Segundo o juiz, ao visitar periodicamente os clientes na penitenciária do Paraná, através das entrevistas sigilosas, os advogados recebiam ordens por bilhetes e verbalmente. Depois, quando voltavam ao Rio de Janeiro, se encarregavam de transmitir as ordens aos demais membros das quadrilhas.

Para o juiz, a privação da liberdade dos advogados quebrará a cadeia de comando.

Os três advogados já estavam sendo monitorados pelo Ministério Público do Rio e pelo setor de inteligência do sistema penitenciário do estado. Na última quarta-feira, uma gravação telefônica autorizada pela Justiça, mostrou que os advogados se reparavam para um encontro. Segundo as investigações, seria para repassar novos recados dos traficantes presos.

Flávia, que estava no Distrito Federal, liga para Beatriz, em Foz do Iguaçu. Ela quer pressa para contar o que sabe. De acordo com os investigadores, as duas falam sobre os últimos ataques no Rio de Janeiro.

Flávia: “É coisa do seu interesse mesmo, mas não posso falar por telefone não. Só pessoalmente”.

Beatriz: “Pô, eu estava precisando falar contigo também. Você vai voltar pro Rio quando?”.

Flávia: “Pois é, cara, é coisa muito séria, muito, muito, muito, muito séria”.

Beatriz: “É o que está acontecendo?”.

Flávia: “É. E eu já sei tudo, quem é, quem não é. E vai acontecer (sic) mais outras coisas que você não sabe”.

Os três advogados foram denunciados por associação para o tráfico e por colaborar como informantes da quadrilha. Se condenados, podem pegar até 15 anos de prisão.

A Ordem dos Advogados do Brasil vai abrir um processo disciplinar para investigar o caso.

“Pessoas que não conseguem compreender o seu papel dentro da ética profissional, elas não merecem ficar na nossa profissão. Serão excluídos”, declarou o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti.

O Ministério Público do Rio informou que vai intensificar as investigações sobre os advogados considerados bandidos.

“As provas são muito evidentes, são muito fortes. Nós vamos continuar investigando, se tiver outros parentes, outras pessoas relacionadas, sejam advogados ou não, vamos prosseguir nesse trabalho”, afirmou o procurador-geral de Justiça em exercício Carlos Antônio Navega.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Luiz Zveiter, diz que o poder Judiciário vai dar respostas rápidas: “Se for parente e advogado, se tiver cometendo delito, o local dele é na cadeia. Esse advogado que tem a carteira, ele age pior do que traficante, colaborando para que esses eventos aconteçam, ele é pior do que traficante, é mais bandido do que o traficante”, disse.

A Justiça também proibiu as visitas íntimas para os presos Marcinho VP e Elias Maluco. Eles estão sob o regime disciplinar diferenciado, o RDD, desde quinta-feira, quando foram transferidos para Rondônia.

Nesse regime, eles ficam dentro de celas individuais durante 22 horas por dia e só pegam sol por duas horas. Eles ficarão no RDD por pelo menos dez dias, prazo em que não há necessidade de autorização judicial.





Fonte: Do G1

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