Presidente afegão perdoou traficantes por pressão política, diz WikiLeaks
O telegrama, que se soma a várias alegações de corrupção contra o governo Karzai, diz que 150 presos, incluindo 29 homens que já passaram pela prisão americana para suspeitos de terrorismo em Guantánamo, foram libertados desde 2007.
"Ambos [presidente e seu procurador-geral] autorizam a libertação de prisioneiros antes do julgamento e permitem que indivíduos perigosos fiquem livres ou voltem aos campos de batalha sem enfrentar uma corte afegã", disse Frank Ricciardone, vice-embaixador americano no Afeganistão, em telegrama escrito em 6 de agosto de 2009.
"Apesar de nossas reclamações e de expressarmos nossa preocupação ao governo afegão, as libertações antes do julgamento continuaram", disse.
O porta-voz do Karzai, Waheed Omar, não comentou a revelação. Mas, nesta segunda-feira, afirmou que a divulgação dos documentos diplomáticos não afetará as relações entre Cabul e Washington.
Ricciardone afirma que, em abril de 2009, Karzai perdoou cinco policiais afegãos pegos com 124 kg de heroína porque tinham vínculo com dois heróis da guerra civil afegã dos anos 90.
Os policiais foram julgados, condenados e sentenciados a penas de entre 16 anos e 18 anos de prisão. Karzai, contudo, "perdoou todos os cinco com base em serem parentes distantes de dois indivíduos que foram mártires da guerra civil".
Segundo o documento, Karzai também interveio no caso de Haji Amanullah, acusado de tráfico de drogas e filho de um rico empresário e um dos apoiadores do presidente.
Fora de sua alçada de poder, Karzai ordenou uma segunda investigação policial sobre o caso --que resultou na conclusão de que o réu havia sido usado como bode expiatório.
O vice-embaixador afirma ainda que Karzai também estava planejando libertar Ismail Safad, traficante de droga sentenciado a 19 anos de prisão. Safad era alvo prioritário da agência de combate ao tráfico americana e foi preso em 2005 com grandes quantidades de heroína e armas.
Abdul Makhtar, vice-diretor do DEpartamento de Prisão afegão, diz que Safad continua cumprindo sentença em Pul-i Charkhi, na capital Cabul.
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