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Economia
Quinta - 02 de Dezembro de 2010 às 15:46

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Cerca de 130 famílias do município de Jaciara terão um final de ano incerto. É que as usinas de cana-de-açúcar Pantanal e Jaciara, do Grupo Naoun, demitiram 130 trabalhadores nos últimos dias, alegando incapacidade financeira para arcar com os salários dos mesmos. Este número representa 30% dos trabalhadores diretos da indústria sucroalcooleira na cidade.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fabricação de Álcool de Jaciara, Luis Carlos da Silva, a empresa argumenta que este ano só se produziu cana suficiente para quatro meses de trabalho, quando o normal são entre seis a sete meses. No restante do ano, foram pagos salários sem que houvesse produção, o que acarreta prejuízo financeiro. “Os empresários dizem que não podem arcar com mais oito meses de entresafra”, disse ele.

A indústria canavieira está na base da economia do Vale do São Lourenço, que abrange os municípios de Jaciara, Juscimeira, Dom Aquino e São Pedro da Cipa. “Isso é somente na área industrial, sem falar nos empregos indiretos, tais como motoristas e outros trabalhadores, que também serão demitidos. Isso vai significar uma perda muito grande para a nossa região. É preocupante, pois ficamos reféns da usina Jaciara, dependemos dela para ficar bem. Os políticos precisam acordar e atrair novas empresas para a região”.

Segundo o presidente, na próxima sexta-feira (3) serão homologadas as rescisões contratuais dos funcionários demitidos. Para ele, o número deve ultrapassar dos 130 funcionários previstos.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Mato Grosso (FETIEMT), Ronei de Lima, aponta a contradição entre a situação vivida pelos trabalhadores em Jaciara e o  crescimento da produção de cana-de-açúcar em Mato Grosso. “O mercado está crescendo e se expandindo, então não dá para entender o que aconteceu em Jaciara, se foi erro de gestão da empresa ou não. Nós nos colocamos em solidariedade com os trabalhadores demitidos, pois é quase certo que não serão recontratados”, avaliou ele.

A produção expandiu 62,64% nos últimos 11 anos, sendo que a estimativa para a safra 2010/2011 é que o processamento da cana-de-açúcar alcance 14,1 milhões de toneladas. A principal responsável pelo crescimento é a produção de etanol (anidro e hidratado), que saltou de 444,3 milhões de litros para 804,9 milhões  no período, incremento de 81%. O Estado também passou a produzir mais açúcar na última década, de 369,5 mil toneladas para 451,2 mil (t) na safra atual.

Segundo o sindicalista, no final de 2008, a usina começou a apresentar problemas financeiros, que tiveram reflexo direto sobre os trabalhadores, com atrasos salariais e de outros encargos trabalhistas. “Em 2009, a empresa atrasou plantio, colheita e isso acarretou na queda da produção que vemos hoje e que está interferindo na vida dos trabalhadores e conseqüentemente em toda a economia do município”.






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