A jovem Júnia Belfort, de 21 anos, foi atacada por dois indivíduos e espancada quase até a morte em Chapada dos Guimarães
Espancada em tentativa de estupro vai parar na UTI em Cuiabá
A violência desmedida que toma conta de cidades de todos os portes em Mato Grosso fez mais uma vítima no último sábado (04), em Chapada dos Guimarães. A jovem Júnia Sílvia Belfort Mattos, de 21 anos, foi brutalmente espancada durante uma tentativa de estupro. Ela e a família são proprietárias da agência Eco Turismo Cultural, a mais tradicional do município.
Segundo informações da Polícia Civil de Chapada, ela, o namorado e o irmão foram no final da tarde de sábado ao Mirante, um dos principais pontos turísticos do município, localizado a 8 quilômetros do centro.
Eles foram até o local de carro, e Júnia levou sua bicicleta. Na volta, ela resolveu voltar pedalando e pediu para que os dois voltassem e a aguardassem na cidade. Era mais ou menos 18 horas e ainda não havia escurecido. Depois de mais de uma hora de espera, os dois começaram a se preocupar.
Eles avisaram à família da jovem sobre o ocorrido e voltaram até o Mirante, mas não a encontraram. Em seguida, eles procuraram a polícia e, por volta das 21 horas, dois grupos maiores se reuniram para fazer novas buscas.
Eram quase 22 horas quando um dos grupos viu os reflexos da bicicleta a cerca de 20 metros do acostamento, próximo a uma mata, no quilômetro 3 da rodovia Chapada-Campo Verde.
Com a intensificação da busca no local, o corpo da jovem foi localizado em uma vala profunda, próximo a um barranco. Ela estava seminua e inconsciente.
Luta e traumatismo craniano
Muito ferida na cabeça, rosto e pescoço, Júnia foi imediatamente levada ao hospital de Chapada e transferida para o Pronto Socorro de Cuiabá, onde se encontra internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ele sofreu traumatismo craniano, mas seu quadro, segundo amigos, é estável.
Segundo o delegado João Bosco, de Chapada dos Guimarães, a jovem apanhou muito. "Infelizmente, ainda não temos nenhuma pista, porque ela está inconsciente", afirmou.
O cineasta Luiz Borges, amigo da família, disse que ela recuperou a consciência por alguns instantes, já no Pronto Socorro de Cuiabá, e balbuciou aos médicos que tinha sido atacada por dois indivíduos.
"Ela sofreu muito e lutou para não ser violentada. Os estupradores entraram numa reserva de mata que existe no local e atravessaram duas cercas de arame farpado, arrastando-a. Inclusive, eu fui ao local e vi parte dos cabelos dela enroscados na cerca. Quando perceberam que ela iria resistir até o fim, bateram na cabeça dela com uma barra de ferro. Provavelmente eles pensaram que ela tivesse morrido e a abandonaram no local", afirmou Borges.
Segundo ele, mesmo brutalmente ferida, a jovem conseguiu se arrastar por vários metros, em direção à rodovia. Já a quase dez metros da pista, ela acabou caindo em uma vala profunda, onde foi encontrada horas depois, inconsciente.
Crimes à luz do dia
Indignado com a onda de violência em Chapada dos Guimarães - segundo a Polícia Civil esse é o segundo registro de estupro em uma semana, sendo que o primeiro foi consumado -, Borges criticou a falta de políticas públicas no município.
"Muitas pessoas acham que Chapada, por ser uma cidade turística, é um paraíso, onde não há violência, crimes, tráfico e drogados. Mas a cidade não tem nada de paraíso, fora suas belezas naturais. Muitos adultos e jovens não têm idéia do risco que correm em Chapada, onde crimes ocorrem à luz do dia", criticou Borges.
Segundo ele, a criminalidade aumenta vertiginosamente no município por falta de políticas de segurança e para os jovens, entre outras. "A moçada da cidade não tem perspectivas de crescimento, de arrumar emprego. Além do mais, Chapada virou uma cidade de beira de estrada, com muita gente chegando e saindo todo dia", afirmou.
Má gestão
O problema da violência no município, além da falta de uma política de segurança pública estadual, reflete a má gestão do atual prefeito Flávio Daltro (PP), irmão do vice-governador eleito de Mato Grosso, Chico Daltro. Junto à violência, o município sofre com falta de atendimento hospitalar, infra-estrutura e política de geração de emprego e renda.
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