A 25 dias do fim do ano, região já atinge marca histórica de execuções. Dois jovens são últimas vítimas
Polícia já registra 300 execuções na Grande Cuiabá
O fim de semana teve dois assassinatos na Grande Cuiabá. Com eles, a polícia já contabilizou 300 execuções somente neste ano entre a Capital e Várzea Grande. Como ainda faltam 25 dias para terminar dezembro, policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) acreditam ser possível que o número supere o de 2009, que registrou 305 assassinatos.
Ontem de madrugada, um jovem ainda não-identificado foi executado com dois tiros na avenida principal do bairro São João Del Rey, em Cuiabá. Conhecido pelo prenome de Vinícius, o jovem seria usuário de drogas e morou no bairro, mas havia se mudado com a família para o Jardim Imperial.
Moradores próximos disseram não ter visto quantos criminosos participaram do homicídio. O crime ocorreu por volta das 4h30. "Os moradores confirmaram ter ouvido vários disparos por esse horário, em torno das 4h30, mas não saíram na rua, nem abriram a janela para se certificar sobre o que estava ocorrendo", explicou um policial.
Para policiais da DHPP, a princípio o assassinato estaria ligado ao tráfico de drogas, uma vez que a vítima era usuária. "Dizemos a princípio, porque as investigações estão no início, mas sempre e quase sempre, quando a vítima é usuária, o homicídio tem alguma relação com entorpecente", explicou um policial.
Os policiais aguardam a identificação formal para poder conversar com os familiares e confirmar com a mãe a informação de que ele era usuário de drogas. "O IML não aceita identificação só com o primeiro nome. Tem que ser completo", explicou um policial.
Os números da DHPP apontam que o tráfico ou o uso de drogas são os principais motivos dos assassinatos na região, seguido por acerto de contas, passional (motivado por paixão) ou briga em bares nos fins de semana, quando pessoas alcoolizadas desentendem-se por motivos fúteis e terminam em assassinatos.
Novembro acabou com 29 assassinatos, sendo 20 na Capital e nove em Várzea Grande, numa média de uma execução por dia. Os policiais explicaram que essa foi a média do ano, uma vez que falta menos de um mês para o fim de 2010 e já são 300 execuções.
Várzea Grande
O jovem Otávio João Júnior da Silva, de 24 anos, foi executado com oito tiros no sábado à noite no Jardim Maringá II, em Várzea Grande. O crime ocorreu por volta das 22 horas, numa rua sem iluminação, facilitando a ação dos criminosos. A vítima era viciada em drogas e policiais da DHPP não descartam a hipótese de que Otávio tenha dado "banho" - comprou e não pagou drogas - de algum traficante.
Policiais militares que estiveram no local acreditam que a vítima tenha tentado correr, pois foi encontrada com apenas um dos chinelos no pé. O celular caiu próximo do cadáver. "Não pode ser latrocínio (roubo seguido de morte), pois nada da vítima foi levado", explicou um dos policiais.
A princípio, o assassinato não teve testemunhas. Os policiais acreditam que Otávio tenha sido atraído pelos criminosos até o local ermo para dificultar a identificação deles.
"É o que chamamos de armar a casinha. Isso acontece quando a vítima é chamada até um local e lá é executada. Geralmente são pessoas conhecidas", explicou um dos policiais. A delegada Anaíde Barros, responsável pelas investigações, deverá ouvir os familiares da vítima para confirmar as informações iniciais.
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