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Polícia
Quinta - 09 de Dezembro de 2010 às 08:07

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Caça-níqueis é ilegal, mas dá dinheiro. Quem conhece o assunto são os contraventores, os criminosos e os policiais. Isso mesmo: a Polícia Militar do Rio Grande do Sul está investigando um grupo de policiais envolvidos num esquema de propina. Segundo a denúncia, eles cobrariam dinheiro para proteger casas de jogos clandestinas e revenderiam peças de máquinas apreendidas.

Máquinas quebradas e fios arrancados – foi o que restou de um bingo depois de uma batida policial. Já o dinheiro da jogatina teria ficado nas mãos de quem deveria combater a contravenção: os próprios policiais. A denúncia é do dono de casas de jogos. “Levam tudo. Eles são pior que assaltante na sala, porque ninguém denuncia isso”, afirmou.

A tática dos policiais militares seria simples: sem o registro da apreensão, chamado de “TC”, o resultado da operação poderia ser forjado, como explica um dono de caça-níqueis. “Se não tem TC, eles não precisam entregar material. Tem brigadiano que tem esse material em casa. ‘Tu’ liga e ele vem e te entrega”, aponta.

Segundo a denúncia, o material mais cobiçado pelos PMs fica dentro das máquinas: o noteiro, onde é guardado o dinheiro; e a placa-mãe, que controla os jogos.

“O que está acontecendo hoje em Porto Alegre é uma milícia. Tem brigadiano aí que só fica rodando 24 horas atrás de pontos. ‘Aquele setor é meu, aquele bairro é meu, lá ninguém mete a mão’”, afirma o dono de uma casa de jogos.

Quem veste farda também vende proteção. Sem saber que está sendo gravado, um policial militar afirma que cobra R$ 500 por semana para dar proteção a bingos clandestinos. “Vai dar mais ou menos unas R$ 500 por semana”, afirmou o policial.

O soldado foi gravado enquanto negociava com dois homens interessados em abrir uma casa de jogos clandestinos. Ele cita o exemplo de um bingo que funcionou tranquilamente por três meses graças ao esquema. “Deu mais de 90 dias aberto e bombando. Não existe isso aí em Porto Alegre. É milagre”, comentou.

“O policial que deveria combater o jogo, combater o crime e fazer a segurança da população está permitindo que o jogo cresça e que se fortaleça”, afirmou a promotora de Justiça Sônia Mensh.

Procurado pela equipe de reportagem do Bom Dia Brasil em Porto Alegre, o soldado da Polícia Militar, Valdir Sidnei Costa, negou as acusações.

Repórter: O senhor daria proteção para casas de jogos ilegais?
Soldado: De jeito nenhum.
Repórter: O senhor nunca ofereceu esse tipo de proteção?
Soldado: Não mesmo.
Repórter: Cobraria R$ 500 por semana?
Soldado: De jeito nenhum.

A Polícia Militar confirmou que, pelo menos, dez PMs estão sendo investigados em Porto Alegre por envolvimento com a contravenção.

“Aquele cidadão vestido na condição de policial que pratica atividades criminosas é pior do que o próprio criminoso”, afirmou o comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar no Rio Grande do Sul, tenente-coronel Alberto Iriart.
     





Fonte: Do G1

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