O atual defensor-geral é acusado de utilizar parentesco com ministro Gilmar Mendes, do STF
Para Rotini, articulação de Djalma é "uma imoralidade"
A defensora pública Karol Rotini, que já comandou a Defensoria Pública de Mato Grosso no último biênio (2007/2008), avaliou como "imoral" a atitude do atual defensor-geral público, Djalma Sabo Mendes Júnior, em utilizar de articulação extra-instituição para tentar garantir sua recondução ao cargo. Ele disputa com André Luiz Prieto a preferência do governador Silval Barbosa (PMDB).
"O Djalma já usou e vem usando de força política para poder chegar ao cargo. Não é nem questão de ele não ter que aceitar uma suposta indicação, mas o problema é que ele impôs o cargo pela força política que tem", declarou Rotini, que figurou como primeira da lista anterior e foi preterida pelo então governador Blairo Maggi (PR), que optou por Djalma.
Na opinião de Karol Rotini, que possui prestígio entre os seus colegas, a vontade da categoria é que o governador escolha o primeiro da lista tríplice para comandar a instituição. André Prieto obteve 84 votos, Djalma ficou com 77 e Edson Jair Weschter, que disse não aceitar a indicação, teve 51 votos. "Pedimos para que o governador respeitasse a vontade da maioria", disse a defensora.
Segundo ela, o atual chefe da Defensoria Pública, novamente, se aproveita do o fato de ser parente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. "Djalma está usando do mesmo veículo, que é o Gilmar Mendes (...) Essa história é absurda. O Djalma tem usado o nome dele [ministro] com esse propósito: falar que é o primo do ministro e olha o que pode vir", afirmou.
Questionada sobre o que representaria a escolha de Djalma por parte do governador, Karol Rotini afirmou que quem perde são os defensores. "Nosso voto e nossa vontade não valem nada. A escolha é do governador, mas houve uma eleição interna, onde, democraticamente, o Djalma perdeu pela terceira vez. E, agora, ele perdeu com a máquina na mão", disse a defensora.
Quanto à suposta utilização da "máquina", Karol Rotini revelou que Djalma Mendes fez viagens pagas com dinheiro público, para conversar com os defensores e pedir voto, no Interior. "Ele é o defensor-geral, viaja e conversa com os outros defensores. É o chefe e isso é natural do poder, mas, mesmo assim, ele perdeu", declarou.
Deputados
A respeito da apresentação de uma lista com uma suposta manifestação de apoio de 22 deputados à indicação de Djalma Mendes [MidiaNews revelou que a relação é considerada "furada"], Karol Rotini classificou como desnecessário esse tipo de ação e disse acreditar que as assinaturas não foram para pressionar o governador. "Eu acredito que a intenção dos deputados não foi de constranger o governador. Não tem que procurar outros meios, isso é imoral", disse.
Autonomia
Karol Rotini fez comparação da escolha da Defensoria com o Ministério Público Estadual, onde o mais votado no MP, por tradição, sempre é o escolhido pelo governador.
"Isso demonstra que a Defensoria não tem nada, nenhuma autonomia. O Ministério Público teve uma eleição e o governador está respeitando o mais votado. Na Defensoria, a vontade dos defensores, novamente, corre o risco de ser ignorada", afirmou.
Gestão
Em uma rápida avaliação a gestão de Djalma Mendes, a defensora classificou como "ruim" a atuação do colega.
"Não gostamos da gestão dele. Pela primeira vez, tivemos decréscimo do orçamento da Defensoria. Embora tenham entrado mais 39 defensores, houve redução o orçamento. O concurso atrasou quase dois anos. Justamente pelo fato de a maioria estar descontente, ele não ganhou na votação interna", afirmou.
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