Ele chefiou MT antes de divisão e, depois, MS; na luta pela Educação, implantou três universidades
Ex-governador, Pedro Pedrossian tem luta reconhecida
Ex-governador por Mato Grosso, ex-governador por Mato Grosso do Sul, um dos mentores e criadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UEMS) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UFMS), Pedro Pedrossian, 81, recebeu, nesta sexta-feira (10), o título doutor honoris causa. O evento marcou, também, os 40 anos da instituição.
Em uma cadeira de rodas, em razão de uma operação realizada em março deste ano e também de dores na região do nervo ciático, Pedrossian foi recepcionado pela reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavali, e por políticos como o senador Jaime Campos (DEM) e seu irmão, deputado federal eleito Júlio Campos (DEM).
O ex-governador afirmou, durante rápida entrevista coletiva à imprensa, que contou, dia a dia, para receber o prêmio e do sentimento de honra por ter contribuído para a formação educacional dos dois Estados, vizinhos e quase homônimos.
"Eu contei os anos, os meses, as semanas e os minutos porque o prêmio é a forma de encerrar uma vida para o qual eu não fui preparado, mas, por uma destinação divina, me colocou um papel longo, muito longo a cumprir. Fui tanta coisa para a qual eu não estava preparado. Então, isso é demais para mim", disse Pedrossian.
Para o veterano político, o fato de ter sido governador por três vezes, de 1966 a 1971, em um Mato Grosso ainda não dividido, e em Mato Grosso do Sul em 1980, ano em que era senador e renunciou e de 1991 a 1995, é motivo para se orgulhar.
"Imagina o meu sentimento: implantar três universidades no Brasil. Ninguém no país conseguiu isso. Se fizesse uma, já era demais; fazer três, então... Eu me sinto, realmente, gratificado de ter sido governador pelos dois Estados e de ter contribuído amplamente com a educação em ambos", afirmou Pedrossian.
O título foi indicado pelo diretor da Faculdade de Economia da UFMT, professor Fernando Tadeu de Miranda Borges, que, durante leitura do relatório de indicação, relembrou da dificuldade e do sentimento vanguardista de Pedrossian para construir uma universidade.
"Além de Mato Grosso, Rondônia e Acre não tinham universidades federais. O Estado não tinha força política e haviam outros interesses. Foi a força popular que reivindicava por uma instituição de ensino público e de qualidade que fez o ex-governador tomar a frente dessa empreitada", revelou.
Emocionado durante a entrega do título, Pedrossian agradeceu, porém pediu para o ex-reitor da UFMT e amigo pessoal, Gabriel Novis Neves (ex-reitor) discursar em seu lugar.
Outros honoris causa
Além de Pedrossian, na ocasião receberam o título doutor honoris causa o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Daisaku Ikeda. A instituição é uma organização não-governamental filiada à Organização das Nações Unidas (ONU) e com representação em mais de 190 países e territórios que luta pelo estabelecimento da paz, por meio da cultura e educação.
O escritor e sociólogo Boaventura de Souza Santos também foi agraciado nesta sexta-feira com o título honoris causa e o título de professor emérito, que desde 1967 faz parte da história da UFMT.
Antes destas personalidades, o bispo espanhol, radicado em São Félix do Araguaia (1.200 km a Nordeste de Cuiabá), Dom Pedro Casaldaglia, recebeu o honoris causa em 2003, pelo reconhecimento por longos anos de luta em defesa dos direitos humanos em países emergentes, em particular, no Brasil.
Da literatura mato-grossense, a UFMT já agraciou os escritores Manoel de Barros, em 2003, e Ricardo Guilherme Dicke (falecido em 2008), em 2004, ambos de reconhecimento internacional na literatura de poemas e prosa, respectivamente.
Em 2009 o cacique Raoni Txucarramãe, chefe kaiapó, recebeu o título, pelos anos de luta pela causa indígena.
Comentários