Argentina busca saída para violência social em parque da capital
Uma reunião organizada na Casa Rosada (sede do governo) entre o governo federal, representado pelo chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, e o municipal, com uma delegação liderada pelo prefeito Mauricio Macri, não levou a qualquer resultado.
"Não chegamos a nenhuma conclusão", disse Fernández após várias horas de conversações.
Segundo Fernández, o governo federal ofereceu terrenos para a venda à prazo aos sem-terra, mas a prefeitura rejeitou a medida.
Macri destacou que "pela primeira vez pudemos nos sentar à mesa para discutir esta crise", mas reconheceu que não houve solução.
O prefeito de Buenos Aires pediu aos moradores de Villa Soldati, o bairro onde está situado o parque ocupado, que não tentem resolver o problema por conta própria.
Após a reunião, o governo federal decidiu mobilizar a polícia para proteger o Parque Indoamericano, ocupado por mais de mil cidadãos sem-terra, que provocam a ira dos moradores da região.
Centenas de policiais rodearam o parque, que era sobrevoado por helicópteros militares.
"Nossa missão é preservar a vida e a segurança das pessoas. Vamos ficar aqui o tempo que for necessário", disse Pablo Lavenir, porta-voz da polícia militarizada.
A questão dos sem-teto se agravou na noite de sexta-feira, quando o Parque Indoamericano foi palco de uma verdadeira batalha campal entre moradores da região e os sem-teto, a maioria bolivianos e paraguaios.
Um grupo de moradores --a maioria de classe média-- atacou os sem-teto para retirá-los do parque, queimando dezenas de barracas e deixando dezenas de feridos.
Os choques ocorreram diante da ausência quase total de policiais na região, após a morte de um boliviano e de uma paraguaia, há dois dias, durante uma operação da polícia para desalojar os sem-teto.
Moradores da região também bloquearam avenidas para exigir a retirada dos sem-teto do Parque Indoamericano.
Kirchner, que anunciou na véspera a criação do ministério da Segurança, criticou a ação contra os sem-teto: "não estou disposta a ver a Argentina entrar para o clube de países xenófobos".
A presidente mirava no prefeito Macri, que atribuiu os incidentes no parque Indoamericano, sob sua jurisdição, à "imigração descontrolada" e a "organizações criminosas".
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