Os frequentadores aprovaram a ideia e muitas mulheres se apressaram a fazer a inscrição. Já são pelo menos 20 concorrentes. Tudo com muito respeito, sem vulgaridade, garante o dono do botequim Vaca Atolada, Cláudio Cruz, um dos mais animados com a adesão das candidatas. “Até minha mulher se inscreveu”, garante ele que também é fundador da Sociedade Carnavalesca Embaixadores da Folia.
onde acontece o concurso (Foto: Aluizio Freire/G1)
Vários homens se ofereceram para participar da mesa de jurados, mas a escolha foi feita com muito critério. Entre os escolhidos até agora está o compositor de marchinhas, João Roberto Kelly, a ex-prostituta Gabriela Leite, fundadora da grife Daspu, que vende roupas confeccionadas por profissionais do sexo, e o sambista, compositor e radialista Rubem Confete, 74 anos.
Brincalhão, Confete foi logo perguntando, aproveitando-se de sua deficiência visual. “Posso apalpar antes de dar minha nota?”. Cláudio disse que vai atender ao pedido. “Nunca na história deste país se fez um concurso como este, então vamos tratar a questão como inclusão social. Ele merece. Mas só ele terá essa prerrogativa”, alertou.
Funk Tô ficando atoladinha foi vetado
Empolgado com o concurso, Kelly fez uma concessão e permitiu uma adaptação de seu samba “Dança do bole bole”. Em vez de “Gatinha que dança é essa que o corpo fica todo mole” será: “Vaquinha que dança é essa...”.
idades, como as amigas acima
(Foto: Aluizio Freire/G1)
O funk “Atoladinha”, aquele que diz “tô ficando atoladinha”, foi vetado.
Kelly, autor de tantas machinhas de sucesso - sua última composição é a “Marcha do xixi”, um pito aos mijões de ruas - comemorou. “Autorizei a adaptação na hora. Carnaval é isso, brincadeira, bom humor. A ideia do concurso é genial.”
Candidatas
Uma candidata que promete arrasar é a passista Queila Mara. No clima de alegria do concurso, ela não se fez de rogada e logo se apresentou, exibindo seu gingado do alto de seu 1,74 m de altura e manequim 42.
Queila, que se diz vítima de uma injustiça, já que no ano passado foi eliminada do concurso de Rainha do Carnaval por ter 44 anos — o limite permitido é 35 anos – quer mostrar o que muita gente deixou de ver.
“Gosto muito de carnaval. O que quero é me divertir, participar dessa brincadeira com esse pessoal alto astral. Não quero que apenas o fato de ser uma profissional influencie no resultado. Aqui é um ambiente democrático”, diz, num tom meio ingênuo e malicioso.
concurso (Foto: Aluizio Freire/G1)
O concurso não tem limite de idade, e muitas frequentadoras do bar entraram na fila para participar, como a administradora de empresas Vilma Carvalho, 60, a advogada Eleonora Vieira da Silva, 62, a professora Lelia Peixoto, 60, e a engenheira Angela Nazareth, 59, as mulheres mais animadas da roda de samba da noite da última quinta-feira (9).
“Somos assanhadas assumidas, mesmo. Aqui tem viúvas, separadas, mulheres independentes que querem diversão, ser feliz. Não temos que provar mais nada para ninguém. Na nossa vida, o que tinha que rolar, rolou. O que a gente tinha que conquistar, conquistamos. Agora a gente quer é brincar”, defende Angela, porta voz do grupo.
A estudante de turismo, Érica Sodré, 32, também decidiu entrar no clima de disputa e sair no bloco. “Adoro blocos de rua. E esse astral do carnaval é muito bom. A gente vai se divertir”, anima-se.
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