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Cultura
Domingo - 12 de Dezembro de 2010 às 18:18

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Toda a área central de Cáceres foi tombada como Patrimônio Cultural e Histórico Nacional. O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional - Iphan, reconhece que a cidade mato-grossense é um marco na estratégia de proteção e conhecimento no processo da fronteira do Brasil.

A cidade teve origem e uma vila fundada em 1.778 em pleno Pantanal Mato-grossense. Com o tombamento, ruas, praças e imóveis passam a ser protegidos. Qualquer intervenção só pode ser feita com a aprovação da prefeitura e do Iphan. A cidade também pode receber mais  recursos do Governo Federal e de outras instituições ligadas à cultura.

O tombamento do conjunto urbanístico e paisagístico da cidade de Cáceres foi apresentado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan e foi aprovado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. 

Para Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, "o tombamento de Cáceres é um marco na estratégia de proteção e conhecimento no processo de definição da fronteira do Brasil, e sem dúvida, acrescenta o conjunto das cidades de Corumbá e Vila Bela da Santíssima Trindade e dos Fortes de Príncipe da Beira e Coimbra".

Com uma extensão territorial de 24,6 quilômetros quadrados, Cáceres é um dos maiores municípios brasileiros. Sua área é superior a do Estado de Sergipe e quase cinco vezes maior que o Distrito Federal. É cortada pelo Rio Paraguai que com seu transbordamento anual forma o pantanal mato-grossense, e faz fronteira com a Bolívia. Por estar em uma área de transição de relevo e vegetação - serras, campos de cerrado e planície pantaneira - sua diversidade de flora e fauna formam paisagens de grande beleza.

Ressaltando a necessidade da proteção federal para o município mato-grossense, o Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização – Depam/Iphan destacas os valores históricos, urbanísticos e paisagísticos de Cáceres. Desde sua fundação, a cidade desempenhou importante papel para a definição de fronteiras entre terras lusas e castelhanas.

Também foi fundamental para a defesa da fronteira entre terras brasileiras e bolivianas, representando importante documento da história urbana do país. Ainda segundo o Depam, a cidade merece destaque no incremento da comunicação entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cuiabá e com a Capitania de São Paulo, pelo Rio Paraguai.

Com relação aos aspectos urbanísticos, Cáceres apresenta uma forma urbana assumida como precipitação espacial da estratégia portuguesa de expansão da colônia para oeste e pela função que cumpriu como entreposto comercial.

A história do Brasil na fronteira com a Bolívia

Fundada em 6 de outubro de 1778, a pequena Vila-Maria do Paraguai – nome escolhido para homenagear a Rainha de Portugal, acumula em sua história um forte patrimônio cultural. Além do centro histórico, são fazendas e usinas, as manifestações ligadas ao Pantanal e ao Rio Paraguai e, ainda, a sua pré-história constituída por dezenas de nações indígenas e habitantes, confirmados pelas pesquisas arqueológicas mais recentes.

O local era estratégico para a defesa e incremento da fronteira sudoeste de Mato Grosso em função da facilidade de comunicação entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cuiabá e com a capitania de São Paulo pelo Rio Paraguai. A Fazenda Jacobina, que ainda hoje mantém sua importância histórica, destacava-se na primeira metade do século XIX por ser a maior da província de Mato Grosso em termos de área e produção.

Em fevereiro de 1754, foi assentado o Marco do Jauru, na foz do rio Jauru no rio Paraguai, definindo os limites dos impérios coloniais espanhol e português na América do Sul, fruto do Tratado de Madrid e transferido em 1883 para a Praça Central de Cáceres. Foi tombado pelo Iphan em 1978, ano do bicentenário da cidade. Junto com a Catedral de São Luís – construída entre 1919 e 1965 - os dois monumentos estão até hoje entre os principais atrativos turísticos da cidade.

Cáceres escapou das duas grandes tragédias mato-grossenses do século XIX: a Guerra do Paraguai e a peste de varíola. Ao fim da guerra com a livre navegação da bacia do Prata e por consequência do Rio Paraguai, Cáceres inicia uma nova fase de desenvolvimento.

É elevada à condição de cidade em 3 de maio de 1874 e recebe as grandes fazendas-indústrias para produção de carne enlatada para exportação. Atualmente ainda existem imponentes construções como as da Fazenda Descalvados com capela, casa grande, alojamento de operários e galpões industriais, que ainda são utilizadas pelo eco-turismo.

A navegação no Rio Paraguai também proporcionou a chegada de novos materiais de construção e novas influências o que resultou em uma arquitetura eclética e rebuscada em grande parte dos imóveis do centro histórico de Cáceres.





Fonte: TVCA

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