Funcionária demitida administra ONG que recebe emendas parlamentares
‘Me senti enganada e traída’, diz Serys sobre assessora exonerada
A senadora Serys Shlessarenko (PT), que deve ser oficializada nesta segunda-feira (13) como relatora do Orçamento de 2011, afirmou, em entrevista coletiva nesta tarde, em Brasília, que se sentiu “enganada” e “traída” por uma assessora que presidia um instituto em Brasília que recebia verbas de emendas parlamentares, segundo reportagem da revista Veja.
“Eu me senti enganada, me senti traída. Agora, se existem irregularidades, tem de ser apuradas por órgãos competentes. Eu desconhecia isso. Se eu soubesse antes ela teria sido exonerada na mesma hora”, disse a senadora.
A assessora Liane Muhlemberg foi exonerada e defendeu a senadora em entrevista por telefone ao G1. Ela afirmou que Serys não sabia de sua ação no instituto porque as duas não tinham “intimidade”. A assessora acredita que está sendo “usada” para atingir a senadora e releva a acusação de traição. “Estão me usando para colocar foco nela, então eu compreendo e me solidarizo com ela”.
Liane diz ter informado ao Senado quando da sua contratação sobre o instituto e que recebeu como resposta não haver nenhum problema em relação a isso. “Hoje eu vejo que pode haver um conflito de interesses. Se eu não tivesse me tranquilizado quando me falaram que era legal, eu não teria de passar por nada disso agora”.
A assessora afirma que jamais usou sua posição para conseguir a destinação de emenda. “Jamais pedia nada para ela (Serys) e nem utilizei o gabinete dela para nada. O que fala nesta hora é o currículo do instituto, os projetos e a execução. Todas as prestações de contas foram aprovadas e não há irregularidade nenhuma”.
Segundo Liane, em 2010 seu instituto recebeu R$ 1,35 milhão em verbas de emendas parlamentares. Ela afirma ser uma “militante cultural” e que os eventos realizados pelos seus institutos tem outras fontes além dos recursos do Orçamento.
Orçamento
Serys afirmou que vai trabalhar para aprovar o Orçamento até o dia 22 de dezembro, último dia de trabalho no Congresso. A senadora disse já ter conversado com integrantes do governo sobre os cortes na proposta. Ela também aguarda a última reestimativa da receita e o fim da votação dos relatórios setoriais para fazer seu parecer.
Sobre o salário mínimo, a senadora afirmou que trabalhará com o valor de R$ 540,00 inicialmente. Ela também não quis adiantar onde poderão ser feitos cortes para adequar o Orçamento à previsão menor de arrecadação.
Apesar da senadora dizer estar garantida no cargo de relatora, a pressão para que deixe a função já começou. O presidente do PPS, Roberto Freire, defendeu a substituição de Serys para evitar a contaminação do Orçamento.
"Que se encontre outro senador para o lugar desta senadora, senão contamina o Orçamento tanto quanto aconteceu com o relator anterior", disse o presidente do PPS fazendo referência a Gim Argello (PTB-DF), que deixou a função após ser acusado de direcionar emendas para instituições fantasmas. Ele ironizou ainda dizendo que o governo está tendo dificuldades em encontrar um "senador ficha limpa" para ocupar a função de relator.
Comentários