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Internacional
Quinta - 16 de Dezembro de 2010 às 21:30

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O editor-executivo do "New York Times", Bill Keller, afirmou ontem que considera o WikiLeaks uma fonte em vez de um parceiro e que Julian Assange, seu fundador, não é um jornalista. "Ao menos não do mesmo tipo que eu", disse.

A classificação do australiano como jornalista é um ponto central na névoa jurídica que envolve o vazamento de 250 mil telegramas diplomáticos americanos em novembro, pois é ela que determina se ele se resguarda na lei que protege a imprensa nos EUA.

"Tratamos Julian Assange e seu bando de anarquistas e provocadores como uma fonte, embora não uma fonte qualquer. E fontes raramente são puras e simples", afirmou Keller nesta quinta em evento sobre sigilo e jornalismo promovido pela Fundação Nieman para o jornalismo, em Harvard.

"Nossa obrigação no New York Times é prover contexto, checar informações, e isso foi feito", afirmou. Minutos depois, ele voltou a dizer que Assange não deveria ser definido como jornalista. "O New York Times defende que essa definição seja um pouco mais cara."

O editor se recusou a responder se sente-se ameaçado com o fato de Assange poder ser julgado por conspiração.

O "Times" se distanciou do WikiLeaks desde o início da publicação, no final de novembro, e passou a partilhar o material com o jornal britânico "Guardian".

Além disso, diferentemente das demais publicações com acesso prévio aos telegramas ("Guardian", "Le Monde", "El Pais" e "Der Spiegel"), todas estrangeiras, o jornal americano não listou o link para a página do WikiLeaks na internet, onde está o material bruto.

Segundo Keller, essa decisão foi tomada porque o material inclui nomes de pessoas que colaboraram com os EUA em zonas de conflito e poderiam correr risco de morte com a exposição.

"Revisamos e editamos uma parte considerável [dos telegramas] por conta própria", afirmou. Mas, diz, o jornal passou ao largo de atender aos pedidos do governo americano. "Na maioria das vezes o governo queria que omitíssemos coisas para poupá-los do constrangimento. Não dava."

O jornalista afirmou que o material deu "textura e drama" a fatos que já eram conhecidos por quem acompanha política internacional, e minimizou a falta de fatos novos de peso. "Se não houve grandes surpresas com as revelações, é porque a imprensa havia feito então um bom trabalho antes.

Keller afirma acreditar que o vazamento não afetará a relação dos demais governos como os EUA porque "essa relação existe não porque esses governos confiem nos EUA, mas porque precisam de nós", explicou, parafraseando o secretário da Defesa, Robert Gates.

O editor-executivo do "Times" também criticou o governo pelo excesso de sigilo e lembrou que os documentos vazados eram acessados por mais de 3 milhões de pessoas.






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