Silval fatia governo entre 4 siglas e chama aliados à responsabilidade
Mantendo uma linha mais política que técnica, o governador Silval Barbosa (PMDB) adotou uma estratégia inteligente para este segundo mandato. Está chamando para o primeiro escalão e para a responsabilidade de ajudá-lo a governar políticos experientes, tradicionais, polêmicos e que até respondem a processos na Justiça como Pedro Henry, Eliene Lima, Wellington Fagundes, João Malheiros e Teté Bezerra. O trunfo do peemedebista vai além da busca da coalizão dos partidos. Silval se reelegeu no pimeiro turno, com 51,21% dos votos válidos (759.805), apoiado por 11 partidos: PMDB, PP, PT, PR, PRB, PTN, PSC, PHS, PTC, PRP e PC do B.
Nunca um governador abriu tanto para acordos políticos para contemplar aliados como Silval. As mudanças vão refletir, por exemplo, em dois ou três pedidos de licença de eleitos na Câmara Federal e de quatro a cinco na Assembleia, tudo para acomodar aqueles chamados de parceiros políticos.
Ao escolher uma figura como o deputado federal Pedro Henry para comandar a Saúde, e o também federal Eliene Lima para a Ciência e Tecnologia, o chefe do Executivo está jogando nas mãos do PP o pepino de pastas complexas e problemáticas, principalmente a Saúde. Henry vai entrar no staff com a disposição de fazer boa gestão para não se queimar mais. Ele conseguiu sobreviver politicamente às acusações sobre envolvimento nas máfias do mensalão, das sanguessugas e de crimes de compra de votos nas últimas duas campanhas. Se for flagrado no governo em esquema de irregularidades, quem se complicará será o próprio Henry, embora em caso de escândalo o governo geralmente acaba sendo atingido como um todo.
Malheiros, novo secretário de Cultura, tem acerto a fazer com a Justiça ainda sobre a época em que presidia a Câmara Municipal de Cuiabá. Wellington, embora não seja investigado, convive com acusação de um contador segundo a qual cobrara propina num esquema com empreiteira para liberação de verbas federais com vistas a realizar obras na região do Araguaia. Teté viu seu nome envolvido no caso sanguessugas.
De todo modo, o PP, que garantiu 5 cadeiras na Assembleia e 2 na bancada federal mato-grossense, será governista ao extremo, assim como o PR, com 6 deputados estaduais e 2 na Câmara, e o próprio PMDB de Silval, também dono de 5 vagas na AL e um de federal. Os peemedebistas vão ter no staff Nico Baracat na nova pasta das Cidades, Teté Bezerra no Desenvolvimento do Turismo e outros nomes, como Osmar de Carvalho na Comunicação Social e Roseli Barbosa na área social. Com boa participação na fatia dos principais cargos, o PMDB, conduzido pelo cacique Carlos Bezerra, não terá como, por exemplo, ensaiar oposição, como costuma fazer para valorizar mais "o passe".
O petismo entrou também de corpo e alma na administração estadual. Vai conduzir a Educação, maior pasta da estrutura da máquina, e ainda terá o controle da Procuradoria-Geral. Até o opositor DEM foi "puxado" para o governo e vai ter o deputado José Domingos como secretário de Desenvolvimento Rural. O PR tem assegurado o comando de 7 pastas.
Com habilidade, Silval conseguiu uma boa blindagem para o novo mandato que começa a partir de 1º de janeiro. O problema é se, mesmo assim, "cair". Ai, despenca todos.
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