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Domingo - 19 de Dezembro de 2010 às 09:41
Por: CAROLINE RODRIGUES

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Ederson Coxiponet
Vista de Cuiabá: Avenida Fernando Corrêa
Vista de Cuiabá: Avenida Fernando Corrêa

Os carros chegam a atingir 160 quilômetros por hora na avenida das Torres em Cuiabá. A velocidade é igual a média atingida pelos veículos de Stock Car durante uma competição e foi confirmada pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU) durante o estudo de viabilidade para a instalação dos radares. O excesso dos motoristas também pode ser observado nas avenidas Fernando Corrêa da Costa, Arquimedes Pereira Lima (Estrada do Moinho) e Historiador Rubens de Mendonça (CPA). Cerca de 60% dos veículos andam acima da velocidade permitida, mesmo com a via sinalizada.

  • A reportagem esteve nos pontos críticos junto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que levou um radar portátil. A primeira parada foi na avenida Fernando Corrêa da Costa, nas proximidades do bairro São Francisco, onde a velocidade máxima permitida é 60 quilômetros por hora.

    Os inspetores flagraram um motoqueiro, que tentou frear bruscamente quando viu os policiais. Mesmo com a redução, ele passou na frente do radar com uma velocidade de 90 quilômetros por hora, que representa um acréscimo de 50% no que determinado pela lei.

    Os moradores da região estão revoltados com a situação. Eles ficam por até 30 minutos na calçada, esperando a oportunidade de atravessar com segurança. A auxiliar de cozinha, Keidy do Nascimento Duarte, 32, afirma que o horário de entrada e saída de alunos é marcado pela aflição. Ela trabalha na margem da avenida e pede para o chefe deixá-la sair para acompanhar as crianças na travessia. Nos dias em que não há condições de sair, os estudantes precisam passar sozinhos.

    Keidy conta que já viu vários acidentes, sendo que na semana passada, uma criança foi atropelada. Os carros sempre estão correndo e os motoqueiros chegam a deitar no tanque da moto para conseguir mais velocidade. Eles também fazem manobras arriscadas e para evitar colisões invadem a calçada, que também é utilizado por carros que andam na contramão para cortar caminho até os contornos.

    O comerciante Osmar Adalto, 60, relata que a comunidade já pediu a prefeitura que seja instalada uma passarela e redutores de velocidade. Para ele, a condição atual é caos, já que não há fiscalização e os motoristas fazem o que querem.

    No período da noite a imprudência aumenta e a alta velocidade é acrescida do consumo de bebidas alcóolicas e entorpecentes. "As pessoas andam como doidos e muitas vezes acabam batendo de frente com postes e árvores".

    Moinho - A falta de respeito as leis e sinalizações também pode ser vista na avenida Arquimedes Pereira Lima (estrada do Moinho). No local, a velocidade máxima permitida é de 50 quilômetros por hora, porém, em 10 minutos de monitoramento apenas 3 carros passaram dentro do limite.

    Um deles entrou dentro do perímetro do equipamento com 81 quilômetros por hora e ao passar do lado da viatura da PRF, o carro estava com 34 quilômetros por hora.

    O motorista Luiz Galindo, 75, disse que as pessoas estão sempre com pressa e colocam os compromissos acima da vida dos outros. Eles não respeitam as sinalizações e abusam das manobras para conseguir ultrapassagens. Galindo acredita que os condutores passam pelos cursos de direção defensiva quando vão tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e depois esquecem ou não aplicam o conteúdo.

    O crescimento do número de carros na rua consegue agravar o risco no trânsito, conforme o motorista. Os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) mostram em 2009, houve aumento de 8,2% na frota de veículos na Capital. Eram 258.042 carros em 2009 e até outubro de 2010, eram 279.289 carros.

    CPA - Nas proximidades do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), a velocidade também traz riscos. Os motoristas aproveitam-se da descida para "pegar embalo" e os pedestres precisam ter atenção dobrada para atravessar.

    O vendedor de redes, Nilton Luiz de Barcelos, 60, diz que falta fiscalização e os agentes de trânsito estão apenas na área central. Eles também não têm equipamentos para verificar a velocidade dos carros, o que deixa os infratores livres.

    Um das opções dada pelo vendedor é a volta dos radares. "As pessoas só respeitam quando dói no bolso".

    Barcelos acredita ainda que deveria haver mais rigor nas provas para tirar a CNH. Ele acredita que nem todos saem preparados e muitos vão para outras cidades do interior, onde a cobrança e as exigências costumam ser menor.

    O comerciante Nilton Florindo de Camargo, 47, diz que nas avenidas Fernando Corrêa, Miguel Sutil e Torres, os motoristas costumam andar correndo. Camargo também defende o radar como solução, mas diz que o problema não é apenas nas vias coletoras. Nos bairros, muitos condutores abusam da velocidade, sem respeitar frente de escolas, creches ou condomínios. Na avaliação do comerciante, não haverá solução sem um trabalho de fiscalização forte.

    Radares - A contratação dos radares está em processo licitatório na SMTU. A expectativa é que até março do ano que vem a empresa ganhadora da concorrência seja conhecida e que os equipamentos sejam instalados em julho de 2011.

    Um estudo de viabilidade, feito pelo órgão, apontou a necessidade de construção de radares em 400 pontos. A licitação atual irá contemplar 40 locais considerados emergenciais entre eles a avenida Fernando Corrêa da Costa e avenida das Torres, que terá 10 equipamentos.

    O sistema de pagamento da empresa será fixo e não terá ligação com a quantidade de multas aplicadas. Conforme a SMTU, isto é uma forma de dar credibilidade ao serviço, não o associando a "fábrica de multas".

    Outro lado - O diretor de trânsito do SMTU, Moisés Cipriano Dias, afirma que o SMTU vai abrir concurso para novos agentes e também pretende investir em equipamentos, entre eles os radares. As duas ações tem o objetivo de coibir os infratores do trânsito em Cuiabá.

     
     





  • Fonte: A GAZETA

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