Estudo aponta que armas que circulam pelo Estado são, a maioria, nacionais e que depois caem na ilegalidade. Só 8% de estrangeiras
Apenas 8% de armas estrangeiras apreendidas no Estado
Se o tráfico internacional de drogas usa a área fronteiriça de Mato Grosso como uma das principais entradas para o país, o mesmo não se pode dizer do tráfico de armas. Pelo menos de acordo com a pesquisa divulgada ontem pela ONG Movimento Viva Rio, o número de armas que entra no Brasil por fronteiras secas, como a de Mato Grosso com a Bolívia, é irrisório se comparado ao número de armas nacionais vendidas legalmente e que, depois caem no tráfico.
Com base nas apreensões de armas feitas nos últimos dez anos, o Mapa do Tráfico Ilícito de Armas no Brasil aponta que apenas 8% das armas apreendidas em Mato Grosso são de origem estrangeira (todas de fabricação norte-americana, especialmente as da Smith&Wesson). Mais de 78% são de origem nacional e 13,8%, desconhecida, segundo dados do Serviço Nacional de Armas (Sinarm) utilizados na pesquisa.
Por outro lado, o Rio de Janeiro registrou 16,4% de armas estrangeiras apreendidas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de lá. O maior número é o do Rio Grande do Sul - 18,8% de armas estrangeiras entre as apreendidas (dado do Sinarm).
De todas essas armas apreendidas no país, a pesquisa constatou que 80% são nacionais e de baixo calibre (revólveres, pistolas e espingardas de caça). As apreensões de armamento pesado e de fabricação estrangeira são, em sua maioria, frutos de operações da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil carioca contra a criminalidade gerada pelo narcotráfico no Rio de Janeiro, destacou o coordenador da pesquisa, Antônio Rangel Bandeira.
Entretanto, outra conclusão dos pesquisadores é de que há falhas nas informações referentes às políticas de controle dos armamentos no país. Há subnotificação por parte dos dois sistemas responsáveis, o federal (Sinarm) e os estaduais. Além disso, as secretarias de Segurança Pública subnotificam o Sinarm, e os números nem sempre batem. No caso de Mato Grosso, a pesquisa sequer contou com os dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp, que ontem divulgou 205 armas apreendidas em operações este ano).
Dentre os diversos tipos de avaliações feitas pela pesquisa, Mato Grosso foi classificado como possuidor de menos da metade da capacidade ideal de gerenciar informações fornecidas sobre apreensões de armas. Esta capacidade foi apontada pela pesquisa como a pior entre os estados do Centro-Oeste. A propósito de inteligência e informação, Mato Grosso foi o segundo Estado que mais reduziu os recursos da segurança pública neste setor entre 2008 e 2009, segundo anunciou na semana passada o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os investimentos do governo mato-grossense em informação e inteligência caíram de R$ 609 mil para R$ 99,8 mil entre os dois anos.
NÚMEROS - Assim como a capacidade de gerenciar informações, o desempenho do Estado no controle de impacto gerado pela violência armada, numa escala de zero a 100, obteve 70 pontos de acordo com a classificação do estudo. Novamente, trata-se do pior desempenho na região Centro-Oeste. Os melhores em gerenciamento de informação e controle de armas foram Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
Mato Grosso também foi um dos estados em que mais ficou patente o fiasco da última campanha do desarmamento no país. A primeira campanha, entre 2004 e 2005, resultou em 7.306 armas entregues no Estado. Foram apenas 106 na campanha de 2008/2009, uma queda de 98,5%. A média nacional na queda de armas entregues à PF foi de 93,3%.
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