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Quarta - 29 de Dezembro de 2010 às 08:03
Por: ISA SOUSA

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Maior parte dos acidentes no trânsito envolvem motos
Maior parte dos acidentes no trânsito envolvem motos

Ao menos 12 acidentes por dia acontecem com motoqueiros na Capital. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de 1º de janeiro a 30 de setembro deste ano, 3.400 traumas por acidentes de moto haviam ocorrido.

O número não é maior que a média nacional, de 25 acidentes diários, porém assusta quando comparado a anos anteriores. Em 2008, por exemplo, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), havia atendido 2.227 acidentes, o que dava uma média diária de 9 motoqueiros acidentados em Cuiabá.

Dados da SMS mostram que até setembro deste ano 1.703 "acidentados por motocicleta" deram entrada no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá; por "queda de motocicleta" a unidade recebeu 1.674 acidentados.

Os números são superiores a entrada de acidentados por colisão de veículos, 1.323, ou até mesmo de febre, 2.513, número considerável, mas ainda assim abaixo dos 3.377 feridos em acidentes de moto.

Para a diretora Central de Regulação, Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS), Criciane Mendonça, o número reflete pelo menos duas infrações de trânsito: imprudência do piloto e imperícia de muitos motoqueiros, que com pouca habilidade sob duas rodas já enfrentam engarrafamentos diários.

"Além disso, hoje em dia é fácil comprar uma moto. As pessoas sentam no banco e acreditam que podem pilotar. Quando estão no trânsito, ocupam a pista da esquerda, correm demais e pensam que nunca vai acontecer nada à elas".

O médico e diretor geral do Samu, Daud Mohd Abdallah, concordou com Criciane e ainda acrescentou a facilidade de pessoas não habilitadas adquirem motocicletas.

"Hoje, dependendo das cilindradas das motos nem é preciso de carteira de habilitação, o que faz com que a falta de experiência facilite os acidentes, que ocorrem tanto de moto com carro, como de moto com moto, esse último fato impressionante para mim até antes de entrar no Samu", disse.

"População de mutilados"

Outro ponto avaliado por Criciane é o pós-acidente, já que em alguns acidentes, sequelas como amputação ou meses de fisioterapia têm sido mais "comuns" que o normal.

"Os acidentes de trânsito se transformaram em uma epidemia, matam e mutilam mais do que muitas outras doenças graves e está criando uma ‘população de mutilados", disse.

De acordo com a diretora, a média para um politraumatizado voltar ao mercado de trabalho é de pelo menos três meses e, fora o físico, leva-se em conta ainda o psicológico, em casos de mutilação.

"É um trabalho de trazer a pessoa de volta a vida normal e tanto pode ser de três meses como até mais. O paciente tem que se adaptar a prótese e ainda muitos passam pelo choque do acidente", afirmou.

Em reportagem veiculada no jornal Diário de Cuiabá, em novembro deste ano, as amputações de perna por acidentes de moto ocupavam o primeiro lugar no Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac), única instituição pública do Estado na prestação de serviços de reabilitação.

Dados do Cridac mostram que no primeiro semestre de 2010, 38 próteses produzidas na instituição atenderam motoqueiros ou passageiros de moto, principalmente nas pernas. Na reabilitação motoro o número é ainda maior: 80% das pessoas, que significa 20 ao dia, recorrem ao tratamento devido sequelas de acidentes de moto.

Medidas

Com base nas estatísticas de acidentes de moto na Capital, o vereador Roosivelt Coelho (PMDB), entrou neste ano com uma Indicação para que o prefeito Chico Galindo (PTB) solicite que empresas revendedoras de motocicletas de Cuiabá criem um curso de direção defensiva.

Ainda nesta quinta-feira (9), o instrutor de motocicletas, João Marcelo Ruiz, fará uso da tribuna livre em sessão da Câmara Municipal de Cuiabá para relatar sua experiência e a prática diária do motoqueiro.

O objetivo é sensibilizar os parlamentares para que medidas possam ser tomadas pelo Executivo, já que, de acordo com Roosivelt, é o mais interessado.

"Hoje as responsabilidades recaem sob a Prefeitura, já que a maioria dos acidentados dá abertura no Pronto Socorro. E, por outro lado, a medida visa também repercutir na conscientização da população", observou.






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