Especialistas apontam que déficit fez com que setor tivesse um boom
Bolha imobiliária é refutada, setor crescerá ainda mais
A onda de crescimento que o setor imobiliário tem sofrido em Mato Grosso há pelo menos três anos também é responsável por gerar no mercado especulações de ordem financeira, entre elas, a de uma suposta "bolha imobiliária" que o estado estaria vivenciando.
A bolha, ou seja, uma supervalorização crescente e disparatada, seria o motivo dos imóveis serem comercializados a preços maiores do que, supostamente, deveriam ser.
Apesar destas especulações, para o vice-presidente da Indústria Imobiliária, do Sindicato das Indústrias de Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon - MT), Paulo Bresser, a hipótese é totalmente refutada e os preços atuais não podem ser vistos como bolha imobiliária.
"Existe hoje uma demanda de mercado em função de empreendimentos, financiamentos, disponibilidade de recursos e facilidade de compras que não existiam antes. O mercado está crescendo e novas empresas estão vindo para cá. Porém, o preço não está acima do mercado", observou.
De acordo com o vice-presidente, a elevação dos imóveis seria reflexo de uma falta de mão de obra qualificada no Estado e também de preços maiores nos terrenos, que acabam sendo "embutidos" nos preços dos imóveis, mas, ainda assim não caracterizam uma bolha.
"Empresas de fora estão vindo e existe uma procura maior hoje, mas não significa que os nossos preços estejam acima do mercado. Se comparar Cuiabá com São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília estamos dentro de uma realidade melhor e mais barata", refletiu.
Quem divide a mesma opinião é o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso, Marco Pessoz. Para ele, que também não acredita no fenômeno da bolha, o que está havendo se deve em sua maior parte ao déficit do setor imobiliário que Mato Grosso passou durante anos.
"Antes era impossível financiar, as taxas de juros eram altas e a legislação não garantia os imóveis. Com a economia estabilizada no país, o aumento do poder aquisitivo da população e também do prazo de pagamento o setor cresceu e continua crescendo em ritmo acelerado", afirmou.
O aumento do poder aquisitivo, inclusive, é visto como fator essencial para que, tanto as classes mais baixas, como C e D, comprem casa própria, como as classes altas A e B também tenham imóveis garantidos.
"Desde final de 2007 o setor de habitação no Brasil tomou outros rumos. Programas como o "Minha Casa, Minha Vida" proporcionaram quem nunca financiaria uma casa, financiar. Essa massa que desejava imóveis próprios finalmente tem um mercado que oferece", analisou.
Apesar disso, Pessoz acredita que o boom no setor deve amadurecer e, dentro de três ou quatro anos, se estabilizar. "O que entendemos é que pode acontecer uma acomodação e entrar em fase de equilíbrio, já que aqueles que não tinham imóvel estão comprando".
Copa 2014
A Copa do Mundo de 2014, que terá Cuiabá como uma das cidades-sedes, é apontada como um dos fatores de crescimento do setor da construção civil em Mato Grosso. Contudo, a opinião de Paulo Bresser é que o evento não pode ser encarado como avanço do setor.
Em relação a 2009, dados do Sinduscon apontam que a perspectiva de crescimento da construção civil de Mato Grosso em 2010 é de 8% a 10%.
"A Copa exige mais obras, mais gente para trabalhar, mas o que está acontecendo não é reflexo da Copa. Algumas coisas já estavam ocorrendo. É óbvio que você tem o estádio, por exemplo, que atrai mercado e investimentos", disse.
De acordo com a Agência de Projetos da Copa de 2014 (Agecopa), serão 28 editais de mobilidade urbana, o que acabará refletindo em 63 obras na Capital e em Várzea Grande. Além disso, com foco no Mundial o setor hoteleiro e turístico também deverá passar por construções.
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