Médicos recomendam água e paciência; mas "fogo de encontro", não
Se o assunto é ressaca, sempre tem quem indique um chá poderoso ou um drinque pela manhã para curar os efeitos da bebedeira.
Mas o que fazem os médicos para evitar a própria ressaca? Para o gastroenterologista Gustavo Andrade de Paulo, que é também diretor da Associação Brasileira de Sommeliers, não há fórmula milagrosa para aliviar porre.
Não há cura, mas dá para ter dia com menos ressaca
"Na internet, há zilhões de dicas para tratar e evitar a ressaca, mas, do ponto de vista científico, a única 100% garantida é não beber", afirma o médico.
Sal de fruta, ginseng, exercícios físicos -nada disso pode ser provado, afirma. "Só água e paciência. Não tem jeito de tratar".
Nem mesmo um chá-verde ou de boldo pode acabar com a sensação de mal-estar. "Chá, só como hidratação, mas não mais que isso", afirma o médico sommelier.
O pediatra Arthur Azevedo, também especialista em vinhos, concorda. "Essa história de que o chá protege o fígado é conversa mole. Não tem comprovação."
Outro mito derrubado pelos médicos é o de que uma dose no dia seguinte ("fogo de encontro") cura a ressaca.
"É um paliativo que não resolve", aponta o gastro Gustavo de Paulo. Segundo ele, isso só retarda uma ressaca que é inevitável.
O mal-estar fica pior quando o fígado termina de quebrar as moléculas do etanol e começa a metabolizar as outras substâncias presentes na bebida, como o metanol.
O novo drinque despeja mais etanol no corpo e faz o fígado parar a metabolização daquelas substâncias e voltar a converter etanol. "A melhora é passageira. Depois, vem o rebote."
BEBIDA DE BÁRBARO
Os principais responsáveis pela ressaca são a desidratação e a redução dos níveis de açúcar no sangue causadas pelo álcool.
Para repor tanto a água quanto o açúcar perdidos, Ricardo Barbuti, secretário-geral da Federação Brasileira de Gastroenterologia, recomenda intercalar os copos de bebida com sucos. "Suco ajuda porque tem glicose. É melhor do que água", recomenda.
Para cada tipo de bebida alcoólica, uma ressaca diferente, afirma Barbuti. "Quanto mais colorida e cheirosa, pior, já que essas bebidas têm muitos aditivos, liberados na fermentação." Arthur Azevedo recomenda evitar bebidas destiladas, porque a concentração de álcool nelas é muito maior.
Com a empolgação da festa, fica muito fácil se descontrolar. "Bebida de bárbaro", diz ele, nem pensar. "Vai de vinho branco, champanhe. Nada agressivo."
Comentários