A Bolívia retomou na segunda-feira seus esforços para aumentar os preços dos combustíveis, apenas três dias depois de cancelar a medida que provocou um caos no transporte e no comércio de produtos básicos.
O vice-presidente, Alvaro García Linera, disse que a importação e os subsídios ao diesel e outros combustíveis atingiram mais de um terço da receita das vendas de gás à Argentina e ao Brasil e ameaçavam tornar a situação inviável para o país. "Mais cedo ou mais tarde essa ferida terá que fechar", disse García na segunda-feira à rádio estatal, insistindo na necessidade de aumentar os preços dos combustíveis.
No entanto, desta vez o governo tentará entrar em acordo com os sindicatos e organizações sociais que se puseram contra o "gasolinaço". O governo do presidente Evo Morales sofreu um revés político na semana passada ao se ver forçado a não aumentar em até 83% os combustíveis para veículos, dos quais o país é deficitário, apesar de ser um grande produtor e exportador de gás natural.
Há pouco mais de uma década, a Bolívia se concentrou nas exportações de gás, enquanto a produção de petróleo e outros hidrocarbonetos líquidos passou a ser um negócio paralelo para a indústria local, para a qual tem um preço congelado de US$ 27 o barril.
García revelou que o orçamento do Estado boliviano para 2011 prevê US$ 1,002 bilhão para a importação de combustíveis líquidos, 10 vezes mais que o valor gasto há cinco anos para a mesma compra.
Por outro lado, as exportações de gás natural, o principal negócio internacional boliviano, atingiram em 2010 um valor de US$ 3 bilhões, segundo projeções oficiais. "Se em 2011 é 1,002 bilhão, em 2015 quanto será?", disse.
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