Além do salário reajustado em 62%, congressistas ampliam mordomias
Pense num trabalhador que ganha nada menos que quase 53 salários mínimos, ajudas de custo variadas de mais de R$ 100 mil e ainda têm direito a férias de dois meses. Esse é o congressista brasileiro, que, enquanto concedeu a si próprio um reajuste salarial de 62%, elevando seus vencimentos de R$ 16,5 mil para R$ 27 mil, uma diferença, portanto, de R$ 10,5 mil, aprovou um aumento de apenas R$ 30 reais para o salário mínimo. Mesmo assim, sob pressão do governo federal, reluta em assegurar um salário maior quando a matéria for à apreciação no Congresso Nacional.
Essa situação gerou e ainda gera muitos protestos em Brasília. Desde a aprovação do reajuste para deputados federais e senadores, estudantes têm ido ao Congresso Nacional protestar. Na posse da presidente Dilma Rousseff vários grupos espalhados por pontos na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes fizeram suas manifestações contra a ação dos parlamentares de se beneficiarem com “um reajuste escandaloso”. Alguns deputados e senadores também se rebelam. Cristovam Buarque (PDT-DF), por exemplo, está reivindicando que os mesmos índices sejam dados aos professores do país.
Para a início da próxima legislatura, quando assumem os novos deputados e senadores, em 1º de fevereiro, esperam-se grandes embates no Congresso por conta do salário mínimo. Esse piso nacional dos trabalhadores brasileiros virou até “moeda” de barganha dos congressistas que desejam cargos no governo para forçar a presidente a atendê-los. Tendo à frente o PMDB, os partidos afoitos por cargos ameaçam votar um salário mínimo maior do que quer o Executivo, caso não sejam felizes em seus pleitos. Como se observa, o que acaba valendo não são os interesses gerais da população e sim o desejo de mais poder na esfera federal.
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