Globo tenta frear verborragia de Boninho no Twitter
Enquanto o público se distrai com preparativos para a 11ª edição, a cúpula da Globo quebra a cabeça para lidar com o diretor, que ignora regras da emissora e se envolve em bate-bocas na internet.
Filho de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Boninho deve ao "BBB" a sua ascensão na Globo, construída sob a direção de seu pai.
Antes do reality, formato internacional da Endemol, não havia se destacado na carreira, com passagens, entre outras, pelo "Fantástico", "Faustão" e Multishow.
O "BBB", um dos mais bem-sucedidos do mundo --bem produzido, editado e fenômeno comercial--, mudou o status de Boninho. Aos 49, ele é diretor de núcleo, responsável, além dos realities, pelo "Mais Você", "Estrelas" e "Video Show".
Satisfeita com o lucro do "BBB", a Globo põe panos quentes nas polêmicas do diretor. A operação está mais complicada desde que ele virou fiel usuário do Twitter.
É por meio do microblog que ele fere regras da Globo. Em 2009, ficou em tempo real criticando a estreia de "A Fazenda", reality da Record, semanas após a Globo lançar seu manual de conduta em mídias virtuais, proibindo profissionais de comentar artistas e programas da casa e da concorrência na internet.
Boninho disse que o reality estava "arrastado e chato". Insinuou que a plateia tinha figurantes do "BBB" e zombou da chuva. "Esqueceram o toldo da festa! Será que acabou a verba?", escreveu.
Não poupou trilha sonora e apresentador. "Voltou o Bee Gees. Qual é o SMS pra eliminar a música? Sem personalidade! Britto Jr. tenta de tudo para ser comparado ao Bial." As críticas cessaram após anunciar ter levado pito de Monica, no caso, "Monica" Albuquerque, segundo nome da Central Globo de Comunicação. Ela disse que o procurou como "pessoa física" e que "a Globo é a favor da liberdade de expressão".
Mas, meses depois, no Twitter, acusou Gugu, da Record, de ter plagiado um cenário do "BBB". E, pior, usou o microblog para algo que, mais que ferir o manual de conduta online, é "pecado" na Globo: criticar publicamente um colega da rede.
Ele reclamou que Grazi, ex-BBB e hoje uma das principais atrizes da Globo, não concordara em participar do "Video Show". "Botamos a moça na lista negra!" Também reclamou do fato de Ana Maria Braga, que ele dirige, não usar ponto eletrônico.
Boninho deixa a direção de cabelo em pé ao usar o microblog para reclamar de reportagens que o desagradam e provocar jornalistas. Membros da direção são escalados para procurar extraoficialmente os agredidos. Desculpam-se em nome da rede e dizem que a opinião de Boninho não reflete a da Globo.
O clima esquentou em novembro, quando escreveu no Twitter que no "BBB 11" "vai valer tudo, até porrada", e que não haveria mais bebidas do tipo "ice": "Só power, chega de bebida de criança".
O tom das ligações extraoficiais a jornalistas para se desculpar por Boninho foi mais contundente e houve quem tenha se referido a ele como "criança mimada". A Globo desmentiu oficialmente o diretor. Ao final do dia, ele afirmou que seu tom havia sido de brincadeira.
FORTE LIGAÇÃO
Profissionais que trabalham com Boninho dizem que o Twitter tem grande peso nas suas decisões. No "BBB" passado, três provas foram canceladas porque twitteiros apontaram erros.
Na produção, a chegada do "big god", como Boninho foi apelidado, é conhecida por portas batendo e gritos.
Certa vez, ele disse que, se flagrasse um cameraman sem o pano para cobrir a cabeça (o que o torna visível na casa), "o cara nunca mais trabalha na Globo e nunca mais será câmera na vida".
Ficou famoso em 2009 um vídeo em que vazou uma bronca do diretor a participantes: "Dona Ana Carolina: este alicate não está esterilizado, a dona Naiá é diabética. Se essa merda inflamar, eu vou arrancar o seu braço".
E o verdadeiro "big fone" (que toca no programa com notícias boas ou ruins aos participantes) é um celular de Boninho conectado às caixas de som da casa. Quando quer falar com os BBBs, liga do aparelho, que automaticamente corta o áudio ao vivo do "pay per view" para dar os seus recados.
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