Dilma rejeita dar mais espaço ao PMDB na coordenação política
Dilma avisou ao vice-presidente Michel Temer que o partido não terá mais um assento nesse núcleo de decisão do governo, como os correligionários do vice têm pedido, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
A reunião de coordenação foi substituída na agenda por uma conversa franca entre Dilma, Temer e os ministros Antônio Palocci (Casa Civil), Luiz Sérgio (Relações Institucionais). Desde a semana passada, os peemedebistas reclamam do tratamento que recebem no governo.
O líder do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, disse que o PMDB agora "é mais governo do que era com Lula" e, por isso, merece mais espaço nos núcleos de decisão política da nova presidente.
Contudo, o argumento dos peemedebistas não convenceu Dilma, e ela contra-argumentou que, se abrisse espaço para o PMDB na coordenação, teria de "fazer o mesmo com os demais partidos aliados". Esse não é o espírito do fórum, segundo relevou uma das fontes, que não quis ser identificada.
RACHA
A insatisfação do maior partido da coalizão de Dilma começou com a perda de espaço no primeiro e no segundo escalão do governo e obrigou a presidente a ordenar o congelamento das nomeações, pelo menos até que os partidos aliados entrem num acordo pelos cargos no segundo escalão.
A rebeldia do PMDB ganhou contornos de ameaça quando Alves disse que o partido precisava ser convencido do novo valor do salário mínimo, estipulado em R$ 540 por MP (Medida Provisória) pelo governo Lula. O gesto colocou Dilma contra a parede, já que o ônus político de um veto para um salário mínimo maior ficaria com ela.
No início da noite, o vice-presidente disse que mantém reuniões periódicas com a presidente para falar sobre política e que a conversa que teve nesta segunda-feira com ela foi mais um desses encontros.
"Nós sempre estamos conversando. Na semana passada conversamos algumas vezes e nesta semana já conversamos uma e vamos continuar conversando", afirmou o vice.
Questionado se a reunião de coordenação já havia sido remarcada, e com espaço maior para o PMDB, ele afirmou que "ainda não".
Temer se reuniu durante algumas horas em seu gabinete com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco.
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