Sindicância interna apura se houve a participação de algum funcionário do Legislativo no arrombamento de uma sala da Câmara
Servidores da Câmara de Cuiabá serão alvo de sindicância
A sindicância interna instaurada na Câmara Municipal de Cuiabá para apurar o roubo de dois discos rígidos (HDs) vai verificar se houve a participação de servidores no caso. O presidente em exercício da Casa, vereador Antônio Fernandes (PSDB), afirma que investigação interna é um procedimento normal em casos de roubos ou assaltos durante o expediente.
Segundo ele, a investigação interna vai revelar se houve a participação de funcionários, seja na facilitação da entrada dos criminosos ou pela indicação dos computadores principais no setor de Recursos Humanos.
Na terça-feira dois homens e uma mulher entraram no prédio por volta do meio-dia e arrombaram a porta da sala do RH, que fica no subsolo do prédio, e levaram apenas a memória de dois computadores um monitor LCD. Por conta dos objetos que foram levados, a suspeita é de que o crime tenha motivação política.
O caso é estranho porque ocorreu em plena luz do dia. Todo visitante do Legislativo deve fazer a identificação na recepção. Conforme Antônio Fernandes, não é necessário que a pessoa informe o nome, mas a passagem pelo porteiro é obrigatória. “A sindicância vai apurar se essas pessoas entraram por alguma porta lateral, se houve facilitação para isso, ver quem é a pessoa responsável pela abertura e fechamento dessas portas. Além disso, como foram levados apenas os HDs dos dois computares principais do RH, temos que saber se não houve indicação prévia dessas máquinas para os bandidos”, explicou o vereador.
Apesar das câmeras de segurança terem filmado os três assaltantes, o vereador diz que não é possível reconhecer as pessoas pelas imagens, nem dizer se são conhecidas ou não. O roubo acontece no momento em que o atual presidente, Júlio Pinheiro (PTB), anuncia a realização de uma auditoria nas contas do seu antecessor, Deucimar Silva (PP).
A sindicância foi formada por servidores de carreira da Casa. Eles terão prazo de 30 dias para concluir a investigação administrativa. Giancarlo Oliveira Bello é o presidente; Autair Ferreira Zeferine, relator; e Cláudio Craveiro de Sá, membro. Eles começaram a ouvir ontem servidores que trabalham no setor e também vão apurar se já não foram levados outros documentos da secretaria, já que antes não havia Câmeras para monitorar a movimentação.
O presidente em exercício já entregou para a Polícia Civil as fitas de oito câmeras de segurança que estavam ativadas no dia do roubo, para fazer parte da investigação criminal do caso. Apesar da ação dos bandidos ter ocorrido no meio do dia e ter sido filmada pelas câmeras de segurança, nenhum servidor viu os acusados entrarem. A ação não é considerada como crime comum de roubo porque, pelas imagens, segundo o presidente, os bandidos parecem procurar a secretaria de recursos humanos e, lá dentro, mesmo com outros computadores pela frente, tiveram foco em dois específicos.
Nos últimos dois anos, a Câmara de Vereadores acumula um histórico de roubos e furtos suspeitos, em razão da frequência e do momento em que ocorreram. Em junho de 2009 um bando rendeu os vigias da madrugada e arrombou o caixa-eletrônico que fica dentro do prédio e também os gabinetes de alguns vereadores. Seis dias antes desse episódio, ladrões invadiram a residência então presidente, vereador Deucimar Silva (PP), e roubaram a sua pasta contendo documentos pessoais e um notebook com uma série de arquivos. Neste período, corria uma investigação contra o então vereador Lutero Ponce (PMDB), acusado de desvio de verbas do Legislativo municipal.
Ainda em 2009, quando ex-vereador Ralf Leite (PRTB) era investigado por quebra de decoro parlamentar, o notebook de seu colega Domingos Sávio (PMDB), membro da comissão processante, foi furtado.
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