Oi e Portugal Telecom fecham acordo de fusão
A operação criará a CorpCo, uma multinacional com mais de 100 milhões de clientes e permitirá sinergias de cerca de R$ 5,5 bilhões, afirmaram os grupos. Segundo o documento, essa economia virá do aumento de escala das atividades e dos ganhos da união das duas gigantes. A operação será finalizada no primeiro semestre de 2014.
Além disso, a transação simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas, de modo que a CorpCo não terá acionista ou grupo de investidores vinculados que detenham a maioria das ações votantes da companhia.
O acordo acontece pouco tempo depois de a Oi ter feito grande corte em sua política de dividendos, pressionada por uma dívida líquida de quase R$ 30 bilhões e necessidade de acelerar investimentos no país.
O mercado especulava há meses sobre a união das duas companhias, em apostas que foram reforçadas a partir de junho quando o executivo Zeinal Bava deixou o comando da Portugal Telecom para liderar a Oi. A operação também é anunciada cerca de uma semana depois que a espanhola Telefónica fechou acordo com os principais acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia detém a TIM, rivais da Oi.
A CorpCo tem a ambição de estar entre as maiores do mundo, com significativo potencial de crescimento no Brasil, disse o presidente-executivo da Oi e da PT Portugal, que diz confiar na redução da dívida do grupo e na melhoria de flexibilidade financeira. A ação da empresa portuguesa disparou mais de 20% após o anúncio.
O presidente da Oi, Zeinal Bava, ex-presidente da Portugal Telecom, afirmou que a previsão de sinergias a serem geradas com a união das empresas é "conservadora" e que está confiante que a CorpCo terá fluxo de caixa livre e reduzirá o endividamento.
- A ambição é estar entre os maiores players globais, assumindo uma vocação multinacional, desde a primeira hora, num setor em profunda transformação e afirmando-se como uma referência em termos de inovação tecnológica, excelência operacional e criação de valor acionista - disse Zeinal Bava. - Será uma empresa muito mais forte. Melhor capitalizada, com menos risco financeiro e operacional. A soma de um mais um não será dois, será muito mais que dois.
A operação
Segundo os termos do acordo, além da incorporação da Portugal Telecom, haverá um aumento de capital mínimo da Oi de R$ 7 bilhões, "com objetivo de alcançar R$ 8 bilhões, em dinheiro, com vistas a melhorar a flexibilidade do balanço da CorpCo".
As companhias afirmaram que os atuais acionistas da TelPart (Telemar Participações) e um veículo de investimento administrado e gerido pelo BTG Pactual, participarão da operação de aumento de capital com subscrição de cerca de R$ 2 bilhões.
A CorpCo terá ações listadas no segmento Novo Mercado da BM&FBovespa, na bolsa de Nova York e na NYSE Euronext Lisbon. A Oi será uma subsidiária integral da CorpCo, que vai incorporar a Portugal Telecom. Cada ação ordinária da Oi será substituída por 1 ação ordinária da CorpCo. No caso dos papéis preferenciais, cada 1,0857 ação preferencial da Oi será substituída por 1 ação ordinária da CorpCo. Ao final do processo, acionistas da Portugal Telecom terão 38,1% da CorpCo.
Pedro Jereissati, principal executivo da La Fonte e um dos principais acionistas do bloco de controle da Oi, afirma que a criação desta nova empresa é mais um passo na direção de se criar uma grande empresa multinacional de telecomunicações com ambição global.
- Os atuais acionistas controladores da Oi entendem que essa nova configuração, que resultará em uma empresa listada no Novo Mercado, fortalece a nova empresa e reforça o alinhamento entre todos os acionistas, viabilizando uma estrutura de capital que permita à nova companhia ter uma ambição global - afirma Jereissati.
Segundo o acionista Otávio Azevedo, do grupo Andrade Gutierrez, a aliança industrial celebrada em 2010 permitiu um conhecimento profundo da realidade das duas companhias.
- Temos a total confiança de que o Zeinal reúne todas as qualidades e características necessárias para liderar as equipes e transformar este desafio em um grande sucesso.
Para analista, fusão não resolve problema de alavancagem
- Entre os pontos positivos, resolve problema de aumento de capital que a Telemar teria que fazer no ano que vem - afirmou o analista Guido dos Santos, analista do português Caixa Banco de Investimento.
- Acho que quem perde é Portugal, já que a nova empresa vai ser brasileira, mas isso faz sentido, o mercado lá é enorme, com maior potencial de crescimento - acrescentou.
Já o analista do BPI, Pedro Oliveira, não mostrou estar convencido sobre a fusão já que não resolve o problema da alavancagem da companhia.
- A nova empresa terá um índice de alavancagem financeira de 3,3 vezes, o que é muito alto para o setor e com perspectivas de aumentar já que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no segundo semestre (2013) no Brasil e Portugal deverá continuar sob pressão - disse Oliveira.
Comentários