O novo presidente do setor pecuário dirige a entidade nos próximos três anos
Presidente da Acrimat fala de sustentabilidade e novos desafios

O novo presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat – José João Bernardes tomou posse na manhã desta terça-feira (18) no Centro de Eventos da Acrimat. Ele assume a entidade num momento positivo do setor pecuário. “Em 2010 registramos um recuperação extremamente positiva nos preços da arroba e a manutenção nos preços dos custos de produção, isso trouxe uma melhor rentabilidade para o produtor”, analisou. Bernardes dirige a entidade nos próximos três anos, depois de ser eleito pelos associados no dia 19 de novembro de 2010. Hoje a Acrimat representa 35 mil proprietários rurais detentores do maior rebanho bovino do país com cerca de 28 milhões de cabeças, sendo o maior produtor e o segundo maior exportador de carne do Brasil.

Bernardes assume com compromissos voltados para o setor produtivo, tanto no que se refere a questão econômica, como social e de sustentabilidade. Ele ressalta que o papel da entidade é o de levar informação ao produtor, disponibilizar conhecimento, representá-lo nas demandas junto ao governo e segmentos organizados da sociedade e reivindicar programas de incentivo financeiro, como crédito subsidiado. “Hoje a cobrança é muito grande para que o produtor preserve o meio ambiente, mas se esquecem de que todo esse processo custa caro e deixaram toda a conta para quem produz pagar. Para isso precisamos de linhas de crédito que atendam às necessidades do pecuarista”, ressaltou.

O novo presidente cobrou do governo estadual maior agilidade nos processos de concessão do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a LAU (Licença Ambiental Única), “pois sem esses documentos o produtor não pode fazer financiamento”.  O secretário adjunto dos Programas do Governo, Vicente Falcão, que representou o governador Silval Barbosa na cerimônia de posse, disse que “a secretaria de meio ambiente foi reestruturada para que esses documentos sejam expedidos em no máximo três dias”.

A questão ambiental foi ponto forte do evento. O presidente que deixou o cargo, Mário Candia, disse em seu discurso, que “por estarmos na região Amazônica somos oferecidos como moeda de troca para resolver entraves diplomáticos. Atendemos às solicitações de redução dos desmatamentos e investimos nossos pequenos saldos financeiros para adequarmos à legalidade, muitas vezes inconstitucionais por estarem expressos em portarias e decretos. Como conhecedor da região Norte há 30 anos, posso garantir que o desmatamento na Amazônia mato-grossense está quase zero desde 2004”.  

Mário Candia fez duras críticas aos processos de recuperação judicial dos frigoríficos de Mato Grosso que comprometeram 30% da capacidade de abate no estado e descapitalizaram os pecuaristas em mais de R$ 200 milhões. “A Acrimat participou ativamente de todas as etapas das famigeradas Recuperações, cuja criação só serviu para privilegiar os grandes Bancos, credores de contratos de empréstimos feitos para pseudo-empresários industriais, que alavancaram seus negócios a base de nosso gado, que levamos as vezes, 4  anos para produzir. Mas, como diz o ditado popular, desse limão fizemos uma limonada, e conquistamos a venda do boi à vista, fato que nunca tinha antes acontecido. A nossa próxima vitória será a de comercializar e receber o boi no curral”. Candia alertou, no entanto, que o grande desafio este ano para o pecuarista será a manutenção da pastagem. “Calculo que cerca de 30% do total de pastagem de Mato Grosso estejam hoje mortas, provocada pela seca e ataque de pragas, como cigarrinha, lagarta, e morte súbita”.

O setor produtivo fez uma cobrança pesada aos parlamentares presentes quando a aprovação do novo Código Florestal e do projeto de Zoneamento Socioeconômico e Ecológico (ZSEE) de Mato Grosso. O presidente da Famato, Rui Prado, reforçou o coro da necessidade urgente de votação das leis ambiental. Ele pediu a “desburocratização para liberação do CAR e da LAU e mais investimentos públicos no setor pecuário, pois é a principal atividade de Mato Grosso e requer mais atenção”.

O senador Jaime Campos (DEM) garantiu que a aprovação do Código Florestal será prioridade. “Assim que for aprovado pela Câmara Federal o projeto segue para o Senado e vamos votar uma lei que respeite as diferenças regionais, compatíveis com as necessidades dos produtores, que necessitam de segurança jurídica para produzir”. O deputado Mauro Savi (PR), também garantiu que o projeto de Zoneamento “é prioridade e vamos continuar dialogando com a classe produtores, principalmente a Acrimat que é o grande fórum de discussão do nosso setor”.

Algumas sugestões para solucionar problemas pontuais do setor produtivo foram propostas por diversas lideranças. O secretário de Desenvolvimento Rural, Jilson Francisco da Silva, falou em mudanças no repasse dos recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), “onde o risco operacional deixasse de ser do Banco do Brasil, responsável pela operacionalização do fundo, e fosse transferido para o Tesouro Nacional”. Essa discussão segundo o secretario “tem que ser feita por todas as bancadas, secretarias e federações dos quatro estados do Centro Oeste para ganhar força”.

O presidente Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, também presente à cerimônia, disse que um dos grandes desafios da cadeira produtiva será o de “acabar com as discussões individualizadas de cada elo, pois não podemos conversar só entre quem produz a arroba e o atacado, e não ter o varejo na mesa”. Camardelli ressalta que o “o negócio tem que ser bom para todos, onde todos ganham e não só um lado”.



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2011 / 2013