Sindicato vê retaliação por greve; sistema de atendimento se transforma no caos na cidade
Prefeitura de Várzea Grande demite 80% dos médicos
A classe médica de Várzea Grande está em greve desde 13 de dezembro de 2010. O motivo é a falta de pagamento do reajuste salarial nas últimas quatro folhas do ano passado, e também da verba indenizatória dos meses de outubro, novembro e dezembro.
Segundo o Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT), 80% dos médicos da rede municipal tiveram o contrato rescindido e, até esta quarta-feira (19), não houve avanço na recontratação.
"O receio da classe é que a Prefeitura faça os novos contratos sem a data retroativa. A greve dos profissionais foi considerada legitima e, portanto, não pode haver retaliações", disse Edinaldo Lemos, presidente do Sindimed.
Em decorrência da paralisação, a Prefeitura de Várzea Grande conseguiu uma liminar judicial que obriga os médicos municipais a garantirem 80% dos atendimentos de emergência no Pronto-Socorro. Acontece que os médicos que não estão com os contratos renovados não estão atendendo.
"Se o médico não tem contrato de trabalho, é lógico que ele não irá trabalhar. É ilegal esse processo. Os profissionais que estão com contratos válidos, estão trabalhando normalmente", afirmou Lemos.
No final de dezembro, a Prefeitura enviou uma proposta de negociação. Na proposta, os débitos seriam pagos de forma escalonada até o mês de março; a classe rejeitou o acordo.
"Em outras ocasiões, negociações como essas não foram cumpridas. Estamos dispostos a negociações, mas queremos o pagamento dos atrasados de forma integral. Fizemos um pedido de conciliação judicial para acelerar o processo", disse o sindicalista.
Rotina
O secretário municipal de Administração, Marcos José da Silva, disse que esse processo de rompimento de contrato é uma atividade comum todos os anos. "Todo final de ano, os contratos são encerrados, e refeitos no ano seguinte.
Não é uma novidade para ninguém. Posso afirmar que não existe ordem de demissão. A demora é devida aos transmites do processo de recontratação", afirmou Silva.
Enquanto a Prefeitura não recontrata os médicos, a população de Várzea Grande sofre com a falta de atendimento. As filas no Pronto Socorro, postos de saúde, policlínicas estão cada vez maiores.
A greve também pode trazer conseqüências para Cuiabá. Alguns moradores locais estão recorrendo às unidades de Saúde de Cuiabá. A cabeleireira Elaine Neves contou que teve que ser atendida no PS da Capital.
"Eu já estava sentindo dores há vários dias, e desisti de ser atendida em Várzea Grande. Fui para a casa da minha cunhada e ela me levou no PS de Cuiabá", revelou a moradora do Cristo Rei.
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