Pistoleiros queimam e destroem casas em assentamento
As casas de cerca de 200 famílias do assentamento Monte Carmelo, localizado na zona rural de Cuiabá, foram destruídas e queimadas por “pistoleiros” que invadiram a área de forma arbitrária, informa o líder da comunidade, Gilmar de Oliveira, segundo o qual o despejo truculento contou com o apoio de oito viaturas da Polícia Militar. A operação, denunciada por Oliveira, foi comanda por um oficial identificado como capitão Danilo.
As famílias foram retiradas do assentamento sob ameaças e sequer tiveram a oportunidade de recolher seus bens pessoais das casas. Crianças e idosos foram obrigados a passar a noite ao relento na beira da estrada de acesso ao distrito do Coxipó do Ouro.
O líder conta ainda que na segunda-feira (17) quatro viaturas da PM também estiveram no local e os policiais ainda foram levados por um carro da empresa de segurança, e alegaram estar fazendo um levantamento para entregar ao Ministério Público Estadual (MPE). Segundo Gilmar, um homem identificado como Ângelo, e que se diz dono da tal empresa de segurança que acompanhou os oficiais, seria uma dos “capangas” do suposto dono da terra, Orlando Cerci.
Sem saber a quem recorrer, cerca de 30 pessoas foram até o Palácio Paiaguás na manhã desta quarta-feira (18) para pedir socorro ao governador Silval Barbosa (PMDB), porém não foram atendidos pelo chefe do Executivo, que prometeu à imprensa que iria averiguar a situação e solicitou ao ajudante de ordem, tenente-coronel Ildomar Macedo, para tomar ciência dos fatos.
Segundo Gilmar, a recomendação no Palácio Paiaguás foi para procurar um advogado especialista em reforma agrária. O líder também esteve hoje na Assembleia Legislativa em busca de ajuda dos parlamentares, mas não obteve êxito.
Porém, enquanto a situação não se resolve as crianças, idosos e mulheres buscam auxílio com vizinhos ou parentes. Com as intensas chuvas a condição dessas famílias fica ainda pior, pois montaram barracas com lonas, mas que de nada resolve neste clima. Além disso, as crianças ainda estão assustadas com a invasão.
Outro lado
O major Sebastião Carlos Rodrigues foi o responsável pelo cumprimento da decisão judicial de reintegração de posse em nome de Dorvalino Alves Rodrigues e Benedito Mariano dos Santos. Segundo o policial, a ação ocorreu dentro da maior tranquilidade, isso porque não tinha nenhum posseiro no local no momento da ação.
"Fomos acompanhar o oficial de justiça para cumprir uma determinação judicial e não tinha uma pessoa sequer no local. Acompanhamos a entrada do oficial e dos advogados no local e a remoção dos barracos. O líder não estava nas terras e tudo transcorreu de forma pacífica", explicou em entrevista ao Olhar Direto.
O major contou também que a ação vem sendo planejada desde novembro de 2010, quando foi proferida a decisão judicial e passou pelo crivo da Casa Civil. Sobre a ida da polícia no acampamento na segunda-feira (17), o oficial confirmou a informação, mas explicou que apenas uma viatura esteve no local para constatar se o levantamento realizado pela PM em dezembro do ano passado ainda estava dentro da realidade atual.
Quanto às denúncias de arbitrariedade, o major negou e solicitou que o líder oficialize as acusações contra a Polícia Militar nas entidades responsáveis, como o Ministério Público Estadual e a Corregedoria da PM. “Ele busque todos os meios existentes para fazer as denúncias, estamos tranqüilos e quem acusa precisa de provas. O que ocorreu ontem foi uma ação planejada”, defendeu-se.
Comentários