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Nacional
Quarta - 02 de Outubro de 2013 às 16:36

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Fotógrafo que perdeu visão após ser ferido por PM pede mudança na polícia (Foto: Márcio Pinho/G1)


Fotógrafo que perdeu visão após ser ferido por PM pede mudança na polícia (Foto: Márcio Pinho/G1)

Movimentos sociais realizaram um ato na manhã desta quarta-feira (2) em defesa da desmilitarização das polícias no Brasil. A data é simbólica porque nesta quarta o massacre do Carandiru, que deixou mais de 100 mortos, completa 21 anos. Entre os participantes do ato estava o fotógrafo Sérgio Silva, de 31 anos, que perdeu a visão após levar um tiro de bala de borracha enquanto trabalhava cobrindo as manifestações de 13 de junho contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista.

Hoje, Sérgio Silva é a favor da desmilitarização da polícia. Ele vestia uma camisa com os dizeres “chega de bala de borracha”. O fotógrafo contou o episódio e afirmou que estava na Rua da Consolação quando a polícia subiu pela Rua Maria Antônia e começou a disparar. “Foi coisa muito rápida. Não teve diálogo nenhum, as bombas começaram a cair de todos os lados.”

Sérgio foi atingido por uma bala de borracha e socorrido com muito sangramento a um hospital por um professor que participava da manifestação. “Passei por uma cirurgia para suturar corte no globo ocular por conta do impacto na bala, tomei cinco pontos internos”, diz. O fotógrafo deverá em breve passar por uma cirurgia plástica, mas a perda da visão é irreversível.

Eu sinto mágoa da polícia. Não só pelo que me aconteceu, mas tantos outros manifestantes, pela questão da violência na periferia. Então, se vejo um policial não tem como eu não sentir um certo repúdio."
Sérgio Silva,
fotógrafo

Repúdio
Três meses após o fato, Sérgio Silva afirma hoje que estar próximo a policiais lhe causa “certo repúdio”. “Eu sinto mágoa da polícia. Não só pelo que me aconteceu, mas tantos outros manifestantes, pela questão da violência na periferia. Então, se vejo um policial não tem como eu não sentir um certo repúdio.” Sérgio, no entanto, afirma que gosta de canalizar os pensamentos positivos. “Tento colocar isso como uma questão de luta, vamos melhorar o que está errado.”

E uma das lutas de Sérgio agora é pela desmilitarização da polícia. Para ele, as polícias militares no Brasil não têm condições psicológicas e físicas de manipular uma arma. “A polícia não combate violência, ela promove violência. A desmilitarização vem para trazer a reeducação de polícia e o desarmamento.”

O fotógrafo é na verdade formado em administração de empresas e tinha na fotografia um hobby. Decidiu então dedicar-se profissionalmente à atividade que mais gostava e largar o ambiente empresarial, do qual já estava cansado. Sempre trabalhou como free-lancer e afirma que pretende continuar exercendo a profissão, apesar do handicap de ter perdido a visão no olho esquerdo. Ele já constatou que perdeu um pouco da noção de foco e de profundidade de campo, mas diz acreditar que consegue seguir atuando. Sérgio é casado e tem duas filhas, de 13 e 7 anos.

Ato
Diversos movimentos sociais realizaram um ato na manhã desta quarta-feira (2) em defesa da desmilitarização das polícias no Brasil. A data é simbólica porque nesta quarta o massacre do Carandiru, que deixou mais de 100 mortos, completa 21 anos.

Segundo Danilo Dara, do movimento Mães de Maio, os movimentos repudiam a lógica militar, que remete ao período da escravidão e da ditadura militar. “Ela parte do princípio de que há um inimigo interno”, diz. Ainda segundo ele, o Brasil é o único país democrático no mundo que tem uma polícia militar.

Dara afirmou ainda que os movimentos buscam compensações às famílias de vítimas, como indenizações e tratamento psicológicos. Uma reunião interministerial no dia 18 de outubro será realizada em Brasília para debater o tema, segundo o movimento Mães de Maio.

Entre os movimentos que participaram do ato está a Rede 2 de Outubro, Coletivo DAR, Comitê Contra o Genocídio da População Preta, Pobre e Periférica, Comissão Estadual de Mortos e Desaparecidos SP, Frente de Esculacho Popular, Margens Clínicas, Grupo Tortura Nunca Mais e Periferia Ativa, além de Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência (RJ), Campanha Reaja ou Será Mort@ e Quilombo Xis (BA).





Fonte: Do G1

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