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Internacional
Sexta - 28 de Janeiro de 2011 às 22:13

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Soldados egípcios faziam sinais de vitória para milhares de manifestantes que enfrentam, na noite desta sexta-feira, o toque de recolher imposto na capital egípcia para conter protestos que se espalharam por todo o país pela queda do ditador Hosni Mubarak.
Mais de duas horas após a imposição do toque de recolher, caminhões e tanques militares circulavam no centro da cidade do Cairo, e militares acenavam para a população, recebendo aplausos.

Alguns manifestantes chegaram até a subir nos tanques e policiais apertavam as mãos de manifestantes, segundo a agência de notícias France Presse.
"Não sabemos ainda de que lado está o "Exército. Mas é verdade que respeitamos os militares", afirmou um jovem que participava de uma passeata com milhares de outros no bairro Dokki, duas horas após a imposição do toque de recolher.

O toque de recolher --inicialmente imposto às cidades do Cairo, Alexandria e Suez-- foi ampliado nesta sexta-feira para todo o país e será aplicado das 18h (14h em Brasília) até as 7h (3h em Brasília). O objetivo é conter as dezenas de milhares de pessoas que foram às ruas de várias localidades pedindo a queda de Mubarak.

Foi a medida mais drástica até o momento para conter as manifestações. Mesmo antes do anúncio, o Exército já enviara veículos blindados para as ruas do Cairo --centro dos protestos.
Os veículos blindados estão nas principais avenidas de Cairo. Apesar da repressão dura das forças de segurança, contudo, as dezenas de milhares de manifestantes não recuam e fontes de segurança dizem que os protestos já se espalharam por ao menos 11 das 28 províncias egípcias --os maiores protestos do país.

CENAS CAÓTICAS E MORTOS

As manifestações começaram pouco depois do meio-dia, no final das orações muçulmanas da sexta-feira, e se estenderam rapidamente por diferentes setores da capital egípcia e outras cidades do interior do país.

Manifestantes foram às ruas, gritando palavras de ordem como "saia, saia, Mubarak". Eles lançaram
pedras e sapatos contra as forças de segurança, que não pouparam jatos de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes.
As cenas mais caóticas foram registradas em Suez. A agência de notícias Reuters diz que a polícia abandonou áreas centrais da cidade, depois que os manifestantes superaram os cordões de segurança, roubaram armas de uma delegacia e queimaram o edifício, além de 20 veículos de patrulha estacionados perto do local.
A polícia tentou dispersar os manifestantes, que lançaram pedras e gritavam pela queda de Mubarak.

Eles quebraram janelas e tentaram virar um dos caminhões da polícia. Os agentes finalmente desistiram e recuaram, abandonando ao menos oito caminhões da polícia.
Fontes médicas egípcias informaram que ao menos 18 pessoas morreram nos protestos desta sexta-feira, o mais violento dia de manifestações contra o ditador do país, Hosni Mubarak, nos 30 anos em que ele está no poder.
Segundo o jornal israelense "Haaretz" e a rede britânica BBC, informações não confirmadas dão conta de mais de 1.000 feridos.

As mortes registradas nesta sexta-feira ocorreram em Suez --13-- e na capital do país, Cairo --5.
Com isso, o total de mortos desde que as manifestações antigoverno começaram, na última terça-feira (25), chegou a 25.
As fontes relataram que os protestos chegaram até a bairros residenciais do Cairo, incluindo o de Roxy, próximo ao condomínio residencial onde vive o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no poder desde 1981.

Houve protestos também no bairro de Maadi, na periferia da capital, habitado por muitos estrangeiros que trabalham em embaixadas ou empresas internacionais.
No distrito de Mohandiseen, ao menos 10 mil pessoas marchavam para o centro da cidade --uma multidão que chegou a 20 mil depois de passar áreas residenciais.

DILEMA PARA OS EUA

Os fatos na Tunísia, no Egito e em outros países do Oriente Médio e norte da África constituem um dilema para os EUA, que manifestam o desejo de democratização da região, mas temem a ascensão do fundamentalismo islâmico. Mubarak, por exemplo, é um aliado importante de Washington há muitos anos, e recebe bilionárias ajudas militares.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que seu país está muito preocupado com a violência empregada pelas forças de segurança contra os manifestantes, e pediu moderação ao governo do Cairo.

Testemunhas viram policiais à paisana recolhendo líderes dos protestos. Na mesquita Fatah, que fica na praça Ramsés, no centro do Cairo, milhares de pessoas foram encurraladas e bombardeadas com gás lacrimogêneo.
Nessas situações, os manifestantes se dissolvem e se reagrupam rapidamente. Alguns levavam cartazes com a frase "Todos contra um", e gritavam "Pacífico, pacífico, pacífico, sem violência". Outros atiravam sapados e pisoteavam cartazes com a imagem de Mubarak. "Fora, fora, Mubarak; Mubarak, o avião te espera", gritava a multidão.
 
  Editoria de Arte/Folhapress  

O influente ativista de oposição Mohamed ElBaradei, ganhador do Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho à frente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), chegou a ser encurralado pela polícia depois de ter rezado numa mesquita na região de Gizé, mas depois participou de uma passeata pacífica com seguidores seus. A Al Arabiya informou posteriormente que a polícia pediu a ele que fique em casa, mas isso não pôde ser confirmado.

Sayyid al Badawi, líder do partido oposicionista Wafd, disse que o Egito precisa de um período de transição, de novas eleições parlamentares e de emendas constitucionais para impedir o presidente de cumprir mais do que dois mandatos de seis anos cada.

O Egito deve realizar eleições em setembro, e até agora poucos duvidavam de que Mubarak continuará no poder ou indicará um sucessor como seu filho Gamal, de 47 anos. Pai e filho negam que Gamal esteja sendo preparado para uma sucessão dinástica.


 

 






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