No meio da crise do sistema prisional de Alagoas e do clima de tensão entre governo e agentes penitenciários, em greve há duas semanas por exigência de aumento salarial, mais 18 presos foram conduzidos ao Instituto Médico Legal (IML) Estácio de Lima por apresentarem marcas de escoriações pelo corpo. Os exames constataram torturas. Eles culpam agentes penitenciários.
Ontem, seis presos também foram levados ao IML para exames de corpo de delito e foi constatada a tortura. O promotor da Vara de Execuções Penais, Cyro Blater, responsabilizou os agentes penitenciários, que estariam aumentando o clima de tensão nas cadeias, forçando uma rebelião, para o fim da greve.
"As cadeias de Alagoas são masmorras. O Estado não tem mais controle sobre elas. É semelhante - claro que poupadas as proporções - à situação do Morro do Alemão, no Rio, quando o tráfico dominava a área", disse o promotor.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Jarbas de Souza, pediu que os casos de tortura fossem apurados e os culpados, punidos. Ele não admitiu que os agentes, que cobram melhores condições de trabalho e reajuste salarial de 110%, fazem tortura nas cadeias. Diante do clima de tensão e uma rebelião no presídio da cidade de Arapiraca, o governador em exercício, José Thomáz Nonô (DEM), responsabilizou os agentes se houver morte de detentos.
"Esse é um problema imenso, porque o presídio está abandonado e, se morrerem detentos, a responsabilidade é dessas pessoas que estão fazendo esse movimento, que a Justiça já declarou ilegal", disse ele. Na tarde desta sexta-feira, o Tribunal de Justiça de Alagoas decretou, pela segunda vez, a ilegalidade da greve.
Em entrevista coletiva à imprensa, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Jarbas de Souza, acusou o governo de pressionar os agentes para pedirem demissão e substituí-los por agentes terceirizados, para forçar o fim da greve. Revelou ainda uma lista de supostos funcionários fantasmas, que receberiam pela Intendência do Sistema Prisional sem trabalhar.
O intendente do Sistema Prisional, Carlos Luna, negou as acusações. "São infundadas, assim como as acusações de ameaças por parte do governo. O secretário de Defesa Social, coronel Dário César, passou orientações aos representantes do sindicato", disse ele.
Comentários