Bradesco vê crédito menor e inadimplência estável no ano

"Estamos saindo de um ano com crescimento bastante acelerado. Para 2011, estamos esperando um crescimento mais moderado", disse Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco.

Além disso, ele comentou as medidas do Banco Central anunciadas no fim do ano passado para conter o crescimento do crédito. "A entrada de uma política monetária mais austera visa evitar qualquer bolha que sempre deve ser combatida um ponto antes da curva", afirmou, em teleconferência com jornalistas sobre os resultados do banco.

No final de dezembro, a carteira de crédito do banco ficou em R$ 293,555 bilhões. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 98,122 bilhões -- crescimento de 19,5% -- enquanto as operações com pessoas jurídicas somaram R$ 195,433 bilhões (crescimento de 24,9%).

Segundo o executivo, não há risco de existência de uma bolha nos mercados de crédito. O banco também não enxerga perigo para os empréstimos ao setor imobiliário. Em 2011, o Bradesco estima uma originação de R$ 10 bilhões em financiamentos imobiliários.

O índice de inadimplência, baseado em operações vencidas há mais de 90 dias, fechou o quarto trimestre do ano passado em 3,6%, uma queda de 1,3% na comparação anual e praticamente estável ante os 3,8% do terceiro trimestre.

Para Trabuco Cappi, no entanto, o índice não deve ter quedas significativas neste ano. "A inadimplência caiu muito nos últimos meses. Esperamos agora uma estabilização do índice porque grande parte da melhora que tinha para acontecer já ocorreu", disse.

Ele afirmou ainda que o foco do Bradesco em 2010 foi a expansão orgânica do banco. "Fizemos um investimento forte na rede de atendimento", ressaltando que o banco abrirá 183 agências no país neste ano, com grande volume de aberturas em Estados que apresentam rápido crescimento, como Pernambuco, Mato Grosso e Ceará.

Sobre eventuais aquisições no exterior, Trabuco comentou que o Bradesco segue focado em expansão no Brasil. "Nosso modelo de negócio possui convergência definida entre bancos e seguros", comentou.

PANAMERICANO

Trabuco também negou que o Bradesco, que vinha sendo citado pela imprensa nacional como um possível interessado na compra do Banco Panamericano, esteja estudando uma aquisição da instituição do Grupo Silvio Santos, alvo de investigações de fraude contábil pelo BC.

"Não fomos no passado e nem no presente um banco interessado em aquisição do Panamericano. Até pelo fato de disputarmos mercados com a Caixa (sócia do Panamericano), o que não seria uma sociedade com um ajuste muito normal por competirmos no varejo de igual para igual".

O executivo comentou que o Bradesco comprou carteiras de crédito do Panamericano, mas que o volume não representa 1% da carteira total do banco, de R$ 274,227 bilhões.