A prefeitura de Petrópolis começará a distribuir na próxima semana 200 kits com sementes, adubo e calcário a pequenos agricultores. O objetivo é estimular a retomada da produção daqueles que perderam até 80% da lavoura, após a chuva que devastou áreas rurais do município, em janeiro. Cerca de R$ 140 milhões serão investidos nos insumos.
O secretário de Agricultura, Nelson Sabrá, explicou que os beneficiados foram identificados por meio de um levantamento realizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Petrópolis e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater-RJ). Além de reestabelecer a economia gerada pela atividade, há a preocupação de não faltar produtos para a merenda escolar. "Boa parte da merenda escolar é fornecida pelos produtores de Petrópolis. Para se ter uma ideia, essa economia movimentaria, em 2011, cerca R$ 500 mil. Isso irriga a saúde financeira do produtor e é bom para o município, já que nossos alimentos são de qualidade superior aos trazidos da Ceasa do Rio", afirmou Sabrá.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Henrique Mesquita, disse que os produtos foram adquiridos depois de uma negociação com a prefeitura e que atendem às necessidades do agricultores. "O produtor estava desmotivado, tinha dívidas, ia precisar comprar tudo de novo e isso é um incentivo. Os kits não são a salvação, mas são uma ajuda", disse.
O prejuízo provocado pelas chuvas pode chegar a R$ 15 milhões na agropecuária do município. De acordo com secretário, além da perda de lavouras, 18 pontes foram levadas pela enxurrada e as estradas ficaram danificadas. Entre as localidades mais atingidas estão Jacó e Brejal. O produtor Márcio Ferreira cobra das autoridades locais a retirada de entulhos e o desassoreamento de rios localizados nessas regiões. "Espero que, até a semana que vem, a prefeitura possa retirar esse material daqui. Nós os moradores de Brejal nos juntamos e já pagamos mais de R$ 25 mil por um trator para tirar isso daqui, só que é muita coisa. Estamos com recursos próprios, não dá mais", disse.
Máquinas da prefeitura estão nas regiões mais atingidas para remover os materiais arrastados pela enxurrada e reconstruir as passagens, que têm acessos provisórios. A Secretária Estadual de Agricultura antecipou o programa de recuperação das vias vicinais em Itaipava, distrito de Petrópolis, que já começou. A previsão é de que todo trabalho termine em até seis meses.
Para evitar que chuvas fortes provoquem novos estragos nos próximos anos, o Instituto Estadual do Ambiente, órgão da Secretaria do Ambiente, divulgou a criação de parques fluviais às margens de rios de Petrópolis e Nova Friburgo. A medida prevê a remoção de famílias que morem próximas às margens e a recuperação de matas ciliares. Mas não está previsto o trabalho de desassoreamento de rios. "O trabalho preventivo na cabeceira do rios precisa ser feito", destacou o presidente do sindicato dos produtores. "Os barrancos desceram e, a cada chuva, traz mais terra e lama. Precisa ser plantada uma vegetação para conter esse barro, essa areia, que vai assoreando o leito dos rios", reivindicou Mesquita.
Chuvas na região serrana
As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.
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