Egito provoca maior fuga desde 2008 de fundos emergentes
Os fundos globais de ações focados em países emergentes, cujos principais expoentes são China e Brasil, perderam US$ 7,02 bilhões apenas na semana que vai de 25 de janeiro a 2 de fevereiro.
É a maior debandada de investimentos em países emergentes já vista em apenas uma semana desde o final de 2008, logo após a quebra do Lehman Brothers, segundo a consultoria EPFR.
O motivo é a recente crise no Egito, que tem a maior e mais diversificada economia do norte da África.
A escalada da violência no Egito somou novas incertezas à frágil recuperação da economia global e às preocupações com a escalada da inflação em países como China, Brasil, Índia e Indonésia por conta do aumento nos preços dos alimentos.
Os países que mais perderam investimentos foram China e Brasil, com retiradas da ordem de US$ 1,4 bilhão e de US$ 1 bilhão no período, segundo o Barclays Capital.
A maioria desses fundos é estrangeira e investe coletivamente em papéis de empresas emergentes -China e Brasil respondem por 20,7% e 14,8% das aplicações desses fundos. Os fundos exclusivos de papéis brasileiros perderam US$ 52 milhões nesta semana.
"Todos os emergentes que estão com inflação -Brasil, China, Índia- estão perdendo dinheiro. Há um temor das medidas para esfriar a economia. Quando acontece essa situação, o mercado global fica menos disposto a manter posições nesses países. Os juros dos títulos americanos subiram muito e há o risco de uma forte correção nos preços das ações", disse o consultor Milton Wagner, da Wagner Investimentos, especializada em analisar o comportamento de diferentes portes de investidores.
"As turbulências no Egito não ajudam a melhorar a percepção em relação aos emergentes. O único beneficiado pelo aumento do petróleo é a Rússia", afirma a EPFR.
Para o economista-chefe da SulAmerica Investimentos, Newton Rosa, as incertezas já ameaçam as aberturas de capital programadas na Bolsa. Neste ano, já entraram na Bolsa a Arezzo, a Sonae e a Autometal. Outras seis programam abrir capital.
"Está um quadro de muita incerteza fora e aqui. No Brasil, há uma certa preocupação com a posição do governo ante essa alta da inflação. O temor é que seja obrigado a fazer um ajuste muito forte depois. A questão fiscal também é um ponto de interrogação e de incerteza."
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