Os médicos do Hospital da Universidade de Medicina de Daca, capital do país, encontraram fraturas múltiplas no corpo de Hena Begum, de acordo com declarações à BBC do vice-procurador-geral do país.
Foram encontradas fraturas múltiplas. A menina morreu devido ao sangramento, disse Altaf Hossain ao Serviço Bengalês da BBC.
A Suprema Corte bengalesa deu a ordem para a exumação e também para que o corpo da jovem fosse levado para a capital, depois de a primeira autópsia não ter observado ferimentos em Hena.
A adolescente recebeu 80 chibatadas em janeiro como punição por ter tido um relacionamento com um primo que era casado. Hena morreu no hospital, seis dias depois da punição.
O caso gerou indignação em Bangladesh e em outros países. A polícia abriu uma investigação, e os médicos que fizeram os exames iniciais foram convocados para explicar suas conclusões na Suprema Corte na quinta-feira.
Primo preso
A sentença de Hena Begum foi decretada por um tribunal religioso do vilarejo de Chamta no distrito de Shariatpur, sudoeste de Bangladesh, a 90 quilômetros de Daca.
Ela foi acusada de ter mantido relação sexual com seu primo de 40 anos de idade, Mahbub Khan, que era casado. Ele também foi condenado a cem chibatadas, mas conseguiu fugir. Foi capturado nesta quarta-feira, perto de Daca.
Segundo correspondentes, ele poderá ser acusado de estupro ou até mesmo de assassinato se a Justiça considerar que as ações dele levaram à morte de sua prima.
Hena desmaiou enquanto recebia as chicotadas e chegou a ser levada para um hospital local, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso provocou protestos de moradores de Shariatpur. Segundo relatos na imprensa bengalesa, Hena, na verdade, teria sido raptada e estuprada pelo primo e os moradores do vilarejo teriam ouvido gritos de socorro da adolescente.
O imã (clérigo muçulmano) Mofiz Uddin, responsável pela fatwah (sentença) contra Hena, e outras três pessoas foram presas.
A Suprema Corte de Bangladesh entrou no caso depois de a imprensa local ter noticiado que houve uma tentativa deliberada de encobrir o episódio em Shariatpur.
Este é o segundo caso relatado de morte ligada a punições realizadas em nome da sharia (legislação sagrada islâmica) desde que essas punições foram proibidas no país em 2010 pela Suprema Corte.
Em dezembro, uma mulher de 40 anos morreu no distrito de Rajshari, depois de receber punição parecida à de Hena, por um suposto caso extraconjugal com o enteado.
Cerca de 90% dos 160 milhões de habitantes de Bangladesh são muçulmanos, dos quais a maior parte segue uma versão moderada do Islã.
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