Nokia e Microsoft se unem na guerra dos celulares inteligentes
Nokia e Microsoft se uniram nesta sexta-feira para criar um rival para o iPhone, em uma tentativa de encarar Google e Apple no mercado de celulares inteligentes.
Em uma reviravolta estratégica, a Nokia anunciou que usará o sistema Windows Phone 7 da Microsoft como plataforma de software para seus celulares inteligentes, mudança que representa o ponto principal do esforço de seu presidente-executivo, Stephen Elop, para restaurar o terreno perdido pela maior fabricante mundial de celulares. "Agora a corrida tem três cavalos", afirmou Elop.
Os investidores não se deixaram convencer pela estratégia de Elop e as ações da Nokia caíram em mais de 11% como reação do mercado à informação de que 2011 e 2012 serão "anos de transição" e de estabelecimento da parceria.
O acordo terá impacto negativo sobre as margens da Nokia em curto prazo, disseram os analistas. A Nokia informou que sua margem operacional será de "10% ou mais" depois do período de transição.
"Eles anunciaram uma grande união com a Microsoft, mas ao mesmo tempo não reduziram seus gastos com pesquisa e desenvolvimento. Já que as pessoas que encaravam as ações da empresa de modo positivo antecipavam margens da ordem de 15% ou mais para os aparelhos em 2012, podemos ver alguns cortes nas estimativas", disse Richard Windsor, estrategista mundial de tecnologia da Nomura.
A parceria representa um grande avanço para a Microsoft, que vem há anos batalhando para se estabelecer no mercado de comunicação sem fio.
A plataforma Windows Phone, que tinha 2% do mercado no trimestre passado, é reconhecida pelos especialistas do setor como uma tecnologia avançada, mas não conquistou sucesso entre os consumidores.
A decisão de formar uma aliança com a Nokia pode levar outros fabricantes de celulares a optarem por não usar o software, mas os analistas afirmaram que, de modo geral, foi a Microsoft que saiu mais beneficiada do acordo.
"Não vejo LG, Samsung, HTC instalando o Windows Phone em seus aparelhos. Eles estão apostando no Android", disse Carolina Milanesi, analista do setor na empresa de pesquisa de mercado Gartner.
Com a parceria, a Nokia afirmou que vai usar o sistema de busca online Bing, da Microsoft como ferramenta de pesquisa em todos os seus aparelhos, potencialmente abrindo um enorme mercado para a gigante do software que busca se firmar como um desafio ao Google no segmento.
Analistas afirmaram que a Nokia, que investiu bilhões de dólares na construção de uma plataforma de serviços móveis de internet, efetivamente admitiu derrota nessa estratégia quando acertou a aliança com a Microsoft.
"Esta é uma admissão franca de que a estratégia da Nokia fracassou e marca a gravidade da posição da empresa. Tal parceria seria simplesmente impensável apenas 12 meses atrás", disse Geoff Blaber, da CCS Insight.
Na tentativa de reverte sua posição difícil no mercado de smartphones, o presidente do conselho da Nokia Jorma Ollila trouxe Elop da Microsoft, em setembro passado. O executivo de 47 anos é o primeiro não finlandês a comandar a companhia.
Elop afirmou que a parceria vai implicar em corte de empregos ao redor do mundo enquanto gasto com pesquisa e desenvolvimento também poderá ser cortado.
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