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Política
Segunda - 14 de Fevereiro de 2011 às 08:56
Por: Lidiana Cuiabano

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Com a criação da Secretaria Adjunta de Inteligência, pasta ligada à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o governo de Mato Grosso tem como meta interiorizar o serviço de Inteligência policial no Estado, dentro de dois segmentos: preventivo e repressivo.

Quem tem a missão de transformar essa meta em realidade é o delegado da Polícia Judiciária Civil, Anderson Aparecido dos Anjos Garcia, que está à frente da pasta. Natural de São Paulo, Anderson criou o Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO) de Mato Grosso e por quase 10 anos foi delegado chefe da Inteligência da Polícia Judiciária Civil do Estado. Nesta entrevista especial ao jornal A Gazeta, o secretário adjunto de Inteligência fala sobre as atribuições e projetos da nova pasta e dos desafios a serem vencidos.

A Gazeta - O que é Inteligência policial?

Anderson Garcia - A Inteligência policial tem dois segmentos: preventivo e repressivo. Na esfera repressiva significa produção de prova qualificada. Atuamos em nível de assessoramento em crimes de alta complexidade e de difícil elucidação em virtude do número de pessoas envolvidas. Já na vertente prevenção trabalhamos estatísticas, análise criminal, para que possamos pontuar as manchas da criminalidade no Estado e depois realizar ações preventivas ou proativas.

A Gazeta - Qual será a atribuição da Secretaria Adjunta de Inteligência?

Garcia - Fomentar a realização desse tipo de Inteligência, que é uma ferramenta nova, existente no mundo da Segurança Pública há menos de uma década. Porém é uma ferramenta que já se demonstrou altamente eficaz e eficiente. Se conseguirmos transformar esta ferramenta em efetiva, mudamos a cultura e o modo de visão da investigação e de fazer Segurança Pública.

A Gazeta - Quais são as formas de atuação do setor de Inteligência na área da Segurança Pública?

Garcia - A Inteligência é muito ampla. Como ela tem um cunho de assessoramento, de tomada de decisão, é a ferramenta que vai trazer a qualidade da informação para a segurança. Dentro disso vamos atuar na busca de criminosos de maior potencial que se encontram foragidos, desenvolvendo um trabalho para que possamos localizar essas pessoas de alta periculosidade, prendê-las e trazer com isso paz e tranquilidade para a sociedade.

A Gazeta - Uma meta de governo é a implantação dos escritórios regionais de Inteligência. O que é e como vai funcionar?

Garcia - Será a interiorização da Inteligência em todos os seus segmentos, dentro das instituições que compõem a Segurança Pública. Cada região polo do Estado terá um escritório de Inteligência, que será composto por policiais militares e civis. Os policiais civis vão atuar na Inteligência policial vertente repressão, atendendo todas as delegacias da região que eles fazem parte. Teremos a Inteligência estratégica, que é a parte de análise e estatística referente à prevenção, onde vão ter os policiais militares para que possamos ver a mancha da criminalidade na região, podendo atuar e prevenir o crime. Isso é uma meta de governo que pretendemos transformar em meta de Estado e também prioridade da pasta adjunta de Inteligência.

A Gazeta - Em quais outras áreas a secretaria adjunta vai atuar?

Garcia - Vamos atuar na conscientização no que tange a contrainteligência, que se preocupa com a guarda e o manuseio de informações sensíveis, na forma como se trata a informação. A contrainteligência se preocupa também na questão do terrorismo, contraterrorismo. Teremos uma Copa do Mundo em Cuiabá e temos que nos preparar para isso. Uma das ações que vamos realizar, por exemplo, será com a rede hoteleira do Estado. Mato Grosso estaria preparado para detectar alguma atitude suspeita que por ventura poderia ser de alguma organização criminosa ou terrorista? Se estiver, vamos estreitar os laços para que esse tramite de informação flua da melhor forma possível.

A Gazeta -Quais serão as prioridades visando à Copa do Mundo?

Garcia - Qualificação dos servidores, interiorização da Inteligência e dotação de recursos tecnológicos mais eficazes.

A Gazeta - Qual a importância da Inteligência policial na repressão e prevenção de crimes e de que forma pode contribuir para redução dos índices de criminalidade?

Garcia - Todas as operações que a Polícia Civil desencadeou nos últimos dois anos foram feitas com base na cultura de Inteligência. A prova é diferente, é mais qualificada. Na cultura de Inteligência se avalia a fonte e o conteúdo, e quando se dá o resultado, ele é mais qualificado. Além disso, desencadeamos e acompanhamos as operações, diferente do que ocorria antigamente, quando os inquéritos e as investigações eram feitos e encaminhados ao poder Judiciário e depois perdíamos o contato.

A Gazeta - Hoje cada instituição da Segurança Pública conta com um setor de Inteligência. Como vai funcionar esse trabalho agora com a secretaria adjunta?

Garcia - Vai continuar da mesma forma. Tecnicamente serão subordinados à Secretaria Adjunta de Inteligência, que vai determinar a doutrina, o modo de processamento, pois a Inteligência de Mato Grosso faz parte de um sistema maior ainda, que é o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), cujo órgão central é a Abin e a Senasp.

A Gazeta - E quanto aos investimentos em tecnologias de inteligência?

Garcia - Temos um orçamento este ano destinado para compra de equipamentos. Temos a questão da viatura da Inteligência, que é diferente da viatura policial tradicional, pois é adaptada com recursos tecnológicos como filmadoras, câmeras fotográficas e computadores de bordo. Essas viaturas serão destinadas aos setores de Inteligência das instituições para que eles possam desenvolver as ações de busca e desencadear operações de combate à criminalidade.

A Gazeta - O senhor ficou quase 10 anos na Inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso, criou o GCCO e agora assume a pasta adjunta de Inteligência. O que isso representa?

Garcia - Um grande desafio. Saio de uma esfera para outra muito maior. Agora vou me preocupar não só com uma instituição, e sim com todo Estado. A visão como administrador muda, pois agora passo a compor quatro instituições com doutrinas diferentes, mas com único objetivo. É um desafio que vamos vencer da melhor forma possível para deixar um legado positivo.





Fonte: A Gazeta

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