Polícia prende dezenas em protestos no Irã
Dezenas de manifestantes foram presos nesta segunda-feira na capital do Irã, Teerã, durante violentos confrontos com policiais em um protesto que havia sido proibido pelas autoridades do país.
Milhares participaram da manifestação, convocada originalmente por líderes oposicionistas para mostrar apoio às ocorridas na Tunísia e no Egito e que se transformou numa demonstração de descontentamento contra o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Os policiais usaram golpes de cassetete e bombas de gás lacrimogêneo para conter a multidão, que se reuniu em vários pontos da capital iraniana.
As autoridades cortaram a eletricidade e bloquearam o funcionamento de telefones celulares no centro de Teerã.
A BBC recebeu relatos de protestos similares em outras importantes cidades iranianas, como Isfahan, Mashhad e Shiraz.
EGITO
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressou solidariedade com os manifestantes iranianos, afirmando que "eles merecem ter os mesmos direitos que viram ser exercidos no Egito".
"Acreditamos que deve existir um compromisso para a abertura do sistema político do Irã, para que sejam ouvidas as vozes da oposição e da sociedade civil", disse.
Mohsen Asgari, um funcionário da BBC em Teerã que foi afetado pelo gás, descreveu o centro da capital iraniana como um "caos total", com "confrontos graves" entre a polícia e os manifestantes, além de muitas prisões.
Apesar de o governo iraniano oficialmente apoiar os protestos no Egito, eles sustentam que as manifestações de Teerã são "ações políticas" dos líderes de oposição, justificando a proibição da realização do evento.
De acordo com o site oficial do líder de oposição Hossein Mousavi, a polícia o colocou em prisão domiciliar nesta segunda-feira. A página na internet afirma que esta medida visa impedir que Mousavi participe do protesto.
Mehdi Karroubi, outro líder oposicionista, também está sem poder sair de casa.
GUINDASTE
Analistas afirmam que o governo do Irã está tentando evitar que os grupos oposicionistas do país usem as manifestações do Egito como desculpa de retomar os protestos contra o governo, que ocorreram em peso em 2009 contra a então reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
O jornalista da BBC conta que, em um gesto surpreendente, um homem escalou um guindaste no centro de Teerã e começou a chamar as pessoas para a manifestação desta segunda-feira.
O homem ameaçou se matar se as autoridades tentassem se aproximar, mas depois foi preso pela polícia, segundo Mohsen Asgari.
Ainda na manhã desta segunda-feira, furgões da polícia iraniana bloquearam o caminho que leva à casa de Hossein Mousavi e desconectou o telefone celular e o fixo do líder oposicionista, segundo seu site Kaleme.com.
Na semana passada, quase uma dezena de pessoas próximas a Mousavi foram detidas.
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