Operadoras como a Orange, a quarta maior da Europa em termos de receita e parte do grupo France Telecom, exercem grande poder na formação das escolhas de celulares pelos consumidores, porque compram os aparelhos dos fabricantes e decidem em que medida subsidiam a venda.
Desejamos um ecossistema de telefonia móvel aberto e que permita que nossos clientes empreguem todos os serviços que desejam, e não sistemas fechados que beneficiam uma e outra empresa, disse Jean-Paul Cottet, vice-presidente de marketing e inovação da Orange.
As declarações da companhia foram as primeiras feita por uma grande operadora sobre aliança entre a Nokia e a Microsoft, anunciada na semana passada. As empresas de tecnologia decidiram juntar forças para ampliar a presença dos dois grupos no segmento de celulares inteligentes mais sofisticados.
No Mobile World Congress, esta semana em Barcelona, forças do setor vêm avaliando o impacto da aliança. As ações da Nokia caíram cerca de 20 por cento desde que surgiu a notícia do acordo.
Cottet disse que ainda é cedo para saber como o acordo entre Nokia e Microsoft vai funcionar na prática e de que maneira os gastos das operadoras com a compra de celulares poderiam mudar em resposta.
Em curto prazo, ele expressou preocupação quanto ao efeito da parceria sobre os lançamentos de novos celulares Nokia este ano. A nova plataforma da Nokia com o Windows está planejada para 2012, e o que acontece até lá? Sabemos o que venderemos da linha da Nokia no primeiro semestre, mas o que eles propõem que vendamos no segundo?
Em prazo mais longo, Cottet disse que as operadoras tentarão determinar se Nokia e Microsoft adotarão filosofia fechada como a da Apple. A companhia californiana precisa aprovar os programas que operam em seus iPads e iPhones, e em geral controla o relacionamento de cobrança com os usuários, de modo a maximizar seus lucros.
Microsoft e Nokia são companhias com as quais trabalhamos e respeitamos, então, por ora, vamos dar a eles o benefício da dúvida, disse Cottet. Mas se o interesse delas no médio prazo é travar os clientes em um sistema fechado, teremos que buscar uma alternativa aberta.
O executivo afirmou que a estratégia da Apple está ficando cansativa e não é boa para os consumidores.
As pessoas não entendem porque compram um tablet de 600 euros e não podem abrir certas páginas da Web direito porque a Apple não apoia o Flash. É como se a Apple dissesse você vai comprar um carro meu, mas não pode dirigi-lo em todas as estradas, somente naquelas em que eu tenho pedágio, disse Cottet.
Comentários