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Economia
Domingo - 20 de Fevereiro de 2011 às 12:30
Por: Laís Costa Marques

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Refeição está entre as despesas que ganham cada vez mais espaço entre os mato-grossenses
Refeição está entre as despesas que ganham cada vez mais espaço entre os mato-grossenses
Os shoppings de Mato Grosso têm nas classes B e C o público alvo e o principal mercado consumidor. Pesquisa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) aponta que os maiores clientes não são os com maior poder aquisitivo, mas aquela parcela da população que mais ascende e adquire renda no país. Dos R$ 1,461 bilhão gastos em 2010 no Estado na compra de eletrodomésticos em shoppings centers, R$ 623,31 milhões foram por pessoas da classe C, R$ 531,77 milhões pela B, R$ 165,29 milhões por integrantes das classes D e E e R$ 140,91 milhões pelos mais abastados.

O levantamento realizado pela entidade aponta que o consumo per capita dentro de shoppings foi de R$ 325,15 no ano passado, considerando todos os gastos e todos os habitantes, que no último censo ficou registrado em 3 bilhões de pessoas. O volume é segundo maior da região Centro-Oeste, ficando atrás apenas do Distrito Federal. Goiás, que tem cerca de 3 bilhões de habitantes a mais, não atingiu o mesmo valor.

Outros detalhes apontados pela pesquisa são com relação às preferências dos consumidores do Estado. Os gastos com eletrodomésticos foram os maiores entre os mato-grossenses, que desembolsaram R$ 625,14 (por habitante no ano passado). A busca pelos itens do lar e eletrônicos atraem as pessoas ao shopping pela possibilidade de fazer pesquisa em um mesmo local, economizando tempo e com maior variedade de preço e qualidade.

O taxista Reinaldo Dias Sousa foi ao shopping em busca de uma geladeira nova e afirmou que o preço no local acaba saindo menor devido ao maior número de lojas, que propicia maior concorrência. Aliás, competitividade é um dos motivos que faz com que as classes B, C, D e E freqüentem o shopping como opção de compras. Segundo o consultor de varejo, Sebastião Félix, com maior número de lojas, a concorrência fica acirrada e os preços tendem a diminuir. "Hoje é comum ver as liquidações, promoções, ofertas, ações que visam diminuir os preços e impulsionar as vendas".

Para o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva, o crescimento do consumo se deve à alta no poder aquisitivo da população, principalmente das classes C e D. Segundo ele, estados que registraram maior índice nesse quesito, como Mato Grosso, tem a economia voltada para o agronegócio. Luis Augusto, no entanto, também concorda que os preços dos produtos ficaram mais atrativos ao consumidor. "Está mais acessível trocar os aparelhos, os bens duráveis. O consumo está sendo racional. Essa modificação no consumo vem ocorrendo nos últimos 20 anos".

Para o superintendente do shopping Três Américas, José Júlio Cantino, mais do que o incremento na renda, a classe C passou a ter mais integrantes em consequência daqueles que migraram de uma situação menos favorecida. Alfredo Zanotta, diretor de marketing do Pantanal Shopping, afirma que os dados da Alshop reforçam que o poder aquisitivo da classe C, principalmente, tem aumentado significativamente. No Pantanal, a classe B representa 50% da movimentação, a A 30% e a C 12%.

Avaliações - Na loja Avenida, a gerente Sandra Regina de Carvalho explica que o estabelecimento tem o formato voltado justamente para o público B, C e D, e que o tíquete médio gasto é de R$ 100 a R$ 150 por cliente. "Este público está com mais poder de compra e ainda possibilitou o acesso ao crédito, o que dinamizou a compra".

Na City Lar, o gerente Claudemir Barbosa Silva diz que o crédito está muito facilitado e os cartões de marca própria elevaram as vendas, uma vez que os clientes podem comprar sem que seja consultada sua situação, como é feito em caso de crediário. Mas os apelos dos shoppings são mais do que a variedade de produtos e lojas. O conforto e a segurança são apontados como uma das características que mais conquistam os clientes. A contadora Regina Silva conta que o fato de não precisar ficar procurando vagas para estacionar, o ar condicionado e o ambiente seguro faz com que ela deixe de ir em lojas de rua para ir ao shopping.

Para o estudante de arquitetura Ricardo Lima o local é mais do que um ponto de compras, é um conjunto de serviços que possibilita várias atividades em um único ambiente. "A gente vem comprar alguma coisa, pode ir ao cinema, fazer um lanche, tudo em um mesmo lugar". Luan Silva também avalia o local como um ponto de encontro e entretenimento. "Venho para encontrar os amigos, comer um pizza, ir ao cinema", afirma o jovem de 17 anos.

O consultor Sebastião Félix explica que um conjunto de fatores consagrou os shoppings como verdadeiros centros de consumo. "Tudo influência, até mesmo a questão climática pelo fato de estarmos em lugar onde faz muito calor incentiva a opção pelo shopping".

Toda esta movimentação financeira é responsável por despertar o interesse de marcas nacionais. José Júlio, do Três Américas, relembra que há 15 anos, quando o shopping foi inaugurado, havia poucas lojas de outros estados e o público era menos exigente. "Agora temos que fidelizar o público e oferecer opções diferenciadas e marcas para os clientes". Zanotta, do Pantanal Shopping, revela que pesquisas como essa e os resultados facilitam a vinda de grandes marcas para o Estado, que constantemente realizam pesquisas de mercado antes de se instalarem nos grandes centros.

Consumo em números - Em Mato Grosso, além dos eletrodomésticos que foram campeões em volume de vendas, a Alshop identificou o vestuário como segundo maior destino do dinheiro gasto nos shoppings. Ano passado, o segmento movimentou R$ 1,279 bilhão e o gasto per capita foi de R$ 549,89. A classe C foi a que mais injetou recursos no setor, com R$ 527,34 milhões, seguida da B, com R$ 520,34 milhões, da A, com R$ 120 milhões e as D e E, com a aplicação, juntas, de R$ 100 milhões.

Os segmentos de calçados e alimentação aparecem empatados e os gasto por pessoa foi de aproximadamente R$ 355. Os produtos de higiene e cuidados pessoais movimentaram a quarta maior receita dos lojistas de shopping com R$ 591,25 milhões, sendo uma média de R$ 254,15 por habitante. Os produtos para casa acumularam R$ 551,14 milhões e os de uso pessoal tiveram um gasto per capita de R$ 158,54. Os livros foram os produtos que menos foram adquiridos e o desembolso médio foi de R$ 64,31.
 





Fonte: A Gazeta

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