A sobrevivência da menina Cristal, de apenas 1 ano e 2 meses, pode ter sido garantida por um "reflexo de mergulho", conhecido como "reflexo mamário", no qual as cordas vocais sofrem um espasmo e impedem temporariamente a entrada de água nos pulmões.
A garota passou pelo menos 20 minutos debaixo da água, após o carro conduzido por um amigo da mãe cair em um rio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, na tarde de quinta-feira (24).
Para o capitão Mário Henrique Soares, coordenador as operações de resgate da equipe subaquática do Corpo de Bombeiros, a pouca idade da garota foi fundamental para existir chances de sobrevivência. “O fato de ser um neném ajudou, aumentou a sobrevida dela. Ela ainda tem reflexo mamário e aspira muito menos líquido, como se estivesse no útero.”
O primeiro exame de tomografia na menina não apontou dano cerebral, segundo médicos do Hospital Miguel Couto, na capital carioca, que passaram a informação ao capitão do Corpo de Bombeiros.
Afogamento
Quem se afoga pode aspirar água e levá-la para dentro dos pulmões. Com os órgãos repletos pelo líquido, há uma insuficiência respiratória e o oxigênio não chega ao resto do corpo.
O cérebro, após mais de 5 minutos sem receber oxigenação, é comprometido e o paciente terá sequelas irreversíveis em 90% dos casos. Lesões no pulmão também podem acontecer pelo contato com água contaminada por bactérias, produtos químicos e sujeira.
Para a pediatra Ana Escobar, do Instituto da Criança de São Paulo, o fenômeno que pode ter salvado a vida de Cristal é comum em bebês.
“São dois tipos de afogamento: o molhado e o seco. No primeiro, a água entra de fato nos pulmões. No segundo, a glote fecha, o líquido não chega ao pulmão, mas mesmo assim há asfixia, pois o ar não consegue entrar no corpo.”
Comentários