Tunísia legaliza movimento islâmico proibido por ex-ditador
Com a medida, o Ennahda poderá formar um partido político e participar das eleições no país, que devem ser realizadas ainda em 2011.
Correspondentes da BBC relatam que os grupos islâmicos tiveram um papel importante --ainda que não preeminente-- na atual onda de manifestações pró-democracia em países árabes. A legalização do Ennahda era uma das reivindicações dos manifestantes tunisianos.
O líder do grupo, Rachid Ghannouchi, 69, voltou à Tunísia no final de janeiro, depois de passar mais de 20 anos no exílio. Ele foi recebido no aeroporto por milhares de partidários e simpatizantes, o que sugere que o grupo manteve parte de sua popularidade.
Mas, na ocasião, Ghannouchi disse à BBC que o grupo não pretendia lançar um candidato à Presidência nas próximas eleições no país.
No pleito de 1989, o Ennahda chegou a ficar em segundo lugar, atrás apenas do partido do governo. Oficialmente o grupo conseguiu 17% dos votos em uma contagem considerada suspeita, que teria favorecido o partido governamental.
Logo depois o Ennahda foi proibido, e Ghannouchi fugiu da Tunísia durante uma operação promovida contra a oposição ao regime de Ben Ali.
RENÚNCIAS E INVESTIGAÇÃO
Nesta terça-feira, mais dois ministros tunisianos renunciaram a seus cargos. No total, cinco ministros já abandonaram o gabinete nesta semana.
O mais importante líder de oposição, Najib Chebbi, renunciou nesta terça alegando que não concorda com os rumos do governo interino. Junto com ele, outro ministro da oposição deixou seu posto. Na segunda-feira, outros dois membros do gabinete haviam abandonado seus cargos.
O primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi (nenhuma relação com o líder da oposição), no cargo desde os tempos em que Ben Ali estava no poder, havia renunciado no domingo para tentar acalmar os protestos que continuam no país.
No entanto, os manifestantes continuam insatisfeitos com o fato de tantos ministros do tempo do presidente deposto ainda continuarem no governo interino.
Agora, o governo precisa refazer seu gabinete num momento em que ainda lida com protestos e com as tarefas de restaurar a ordem no país e organizar as próximas eleições.
A o mesmo tempo, a ONG Anistia Internacional pediu que o gabinete investigue as circunstâncias das estimadas 200 mortes ocorridas durante os protestos que derrubaram Ben Ali.
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